tag:blogger.com,1999:blog-51815939496316115622024-03-13T13:42:43.741-03:00Caminhos do FemininoCaminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.comBlogger104125tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-49685729799834547202012-01-26T11:00:00.000-02:002012-01-26T11:00:22.651-02:00SIMONE...UMA NOVA MULHER!<iframe height="344" src="http://www.youtube.com/embed/NPXCQ2KbFPM?fs=1" frameborder="0" width="459" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-26558223381404893242012-01-04T15:04:00.000-02:002012-01-04T15:04:05.771-02:00O Renascimento do Parto - Promocional do filme<iframe height="270" src="http://www.youtube.com/embed/3B33_hNha_8?fs=1" frameborder="0" width="480" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-31430062343256662962011-12-28T00:26:00.000-02:002011-12-28T00:26:40.018-02:00╰☆ Vientos Del Alma╰☆☆╮Mercedes Sosa ☆╮<iframe height="270" src="http://www.youtube.com/embed/F-VYhIeU32Y?fs=1" frameborder="0" width="480" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-42355178655422545282011-12-26T12:39:00.000-02:002011-12-26T12:39:59.322-02:00Nosso Natal Tem Brasil - DVD 4 Cantos - Bate o Sino<iframe height="270" src="http://www.youtube.com/embed/sGDO99gmb1Q?fs=1" frameborder="0" width="480" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-13922574806189410512011-12-26T11:29:00.000-02:002011-12-26T11:29:12.618-02:00MÃE ANTIGA<iframe height="270" src="http://www.youtube.com/embed/ZUU3ZE4PXvo?fs=1" frameborder="0" width="480" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-55337190488470650082011-05-30T10:41:00.000-03:002011-05-30T10:41:52.460-03:002012 - Uma Mensagem de Esperança<iframe height="295" src="http://www.youtube.com/embed/gxLfcqtr3M8?fs=1" frameborder="0" width="480" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-58855652515386123562011-05-30T10:04:00.000-03:002011-05-30T10:04:18.514-03:00Querida Mujer Subtitulado al español..flv<iframe height="295" src="http://www.youtube.com/embed/hPOEM1H7VwI?fs=1" frameborder="0" width="480" allowfullscreen=""></iframe>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-41457305748164955182011-04-01T10:25:00.002-03:002011-04-01T10:35:49.555-03:00<span style="font-family:arial;"><strong><span style="color:#cc0000;">ÍNDIOS NÃO TEM MEDO DO SILÊNCIO</span> </strong></span><span style="font-family:arial;"><strong></strong></span><span style="font-family:arial;"><strong></strong></span><span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;"></span><strong><span style="color:#cc0000;">Nós os índios, conhecemos o silêncio, não temos medo dele. </span><span style="color:#cc0000;">Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras. </span><span style="color:#cc0000;">Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento. </span><span style="color:#cc0000;">"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam. </span><span style="color:#cc0000;">Esta é a maneira correta de viver. </span><span style="color:#cc0000;">Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes;</span> <span style="color:#cc0000;">observa os anciões para ver como se comportam; </span><span style="color:#cc0000;">observa o homem branco para ver o que querem. </span><span style="color:#cc0000;">Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás. </span><span style="color:#cc0000;">Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar. </span><span style="color:#cc0000;">Com vocês, brancos e pretos, é o contrário. Vocês aprendem falando. </span><span style="color:#cc0000;">Dão prêmios às crianças que falam mais na escola, em suas festas, todos tratam de falar. </span><span style="color:#cc0000;">No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes e chamam isso de "resolver um problema". </span><span style="color:#cc0000;">Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons. Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer. </span><span style="color:#cc0000;">Vocês gostam de discutir, nem sequer permitem que o outro termine uma frase. Sempre interrompem. Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido. </span><span style="color:#cc0000;">Se começas a falar, eu não vou te interromper. Te escutarei, mas talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo, mas não vou te interromper. Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste,mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei. Terás dito o que preciso saber. Não há mais nada a dizer. </span><span style="color:#cc0000;">Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês. </span><span style="color:#cc0000;">Deveriam pensar nas suas palavras como se fossem sementes. Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio. </span><span style="color:#cc0000;">Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la. Existem muitas vozes além das nossas, muitas vozes. Só vamos escutá-las em silêncio.</span> </strong></span><span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;"><strong>APRENDAMOS COM ELES... </strong></span></span><span style="font-family:arial;"><strong></strong></span><span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;"></span><span style="color:#cc0000;"><strong>Texto traduzido por Leela, Porto Alegre: </strong></span></span><span style="font-family:arial;"><strong></strong></span><span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;"></span><span style="color:#cc0000;"><strong>"Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder" - Kent Nerburn</strong></span></span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-51017271454912265372011-03-10T22:45:00.002-03:002011-03-10T22:58:55.332-03:00<div align="justify"><span style="font-family:arial;font-size:180%;color:#cc0000;">A cultura patriarcal tem uma dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas. Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de resistência e a capacidade de inovação política das mulheres. </span><br /><span style="font-family:arial;font-size:180%;color:#cc0000;"></span><br /><br /><span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;">Boaventura de Sousa Santos<br /></span>No passado dia 8 de março celebrou-se o Dia Internacional da Mulher. Os dias ou anos internacionais não são, em geral, celebrações. São, pelo contrário, modos de assinalar que há pouco para celebrar e muito para denunciar e transformar. Não há natureza humana assexuada;<br />há homens e mulheres. Falar de natureza humana sem falar na diferença sexual é ocultar que a “metade” das mulheres vale menos que a dos homens. Sob formas que variam consoante o tempo e o lugar, as mulheres têm sido consideradas como seres cuja humanidade é problemática (mais perigosa ou menos capaz) quando comparada com a dos homens. À dominação sexual que este preconceito gera chamamos patriarcado e ao senso comum que o alimenta e reproduz, cultura patriarcal.<br /><br />A persistência histórica desta cultura é tão forte que mesmo nas regiões do mundo em que ela foi oficialmente superada pela consagração constitucional da igualdade sexual, as práticas quotidianas das instituições e das relações sociais continuam a reproduzir o preconceito e a desigualdade. Ser feminista hoje significa reconhecer que tal discriminação existe e é injusta e desejar activamente que ela seja eliminada. Nas actuais condições históricas, falar de natureza humana como se ela fosse sexualmente indiferente, seja no plano filosófico seja no plano político, é pactuar com o patriarcado.<br /><br />A cultura patriarcal vem de longe e atravessa tanto a cultura ocidental como as culturas africanas, indígenas e islâmicas. Para Aristóteles, a mulher é um homem mutilado e para São Tomás de Aquino, sendo o homem o elemento activo da procriação, o nascimento de uma mulher é sinal da debilidade do procriador. Esta cultura, ancorada por vezes em textos sagrados (Bíblia e Corão), tem estado sempre ao serviço da economia política dominante que, nos tempos modernos, tem sido o capitalismo e o colonialismo. Em Three Guineas (1938), em resposta a um pedido de apoio financeiro para o esforço de guerra, Virginia Woolf recusa, lembrando a secundarização das mulheres na nação, e afirma provocatoriamente: “Como mulher, não tenho país. Como mulher, não quero ter país. Como mulher, o meu país é o mundo inteiro”.<br /><br />Durante a ditadura portuguesa, as Novas Cartas Portuguesas publicadas em 1972 por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, denunciavam o patriarcado como parte da estrutura fascista que sustentava a guerra colonial em África. "Angola é nossa" era o correlato de "as mulheres são nossas (de nós, homens)" e no sexo delas se defendia a honra deles. O livro foi imediatamente apreendido porque justamente percebido como um libelo contra a guerra colonial e as autoras só não foram julgadas porque entretanto ocorreu a Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974.<br /><br />A violência que a opressão sexual implica ocorre sob duas formas, hardcore e softcore. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;">A versão hardcore é o catálogo da vergonha e do horror do mundo. Em Portugal, morreram 43 mulheres em 2010, vítimas de violência doméstica. Na Cidade Juarez (México) foram assassinadas nos últimos anos 427 mulheres, todas jovens e pobres, trabalhadoras nas fábricas do capitalismo selvagem, as maquiladoras, um crime organizado hoje conhecido por femicídio. Em vários países de África, continua a praticar-se a mutilação genital. Na Arábia Saudita, até há pouco, as mulheres nem sequer tinham certificado de nascimento. No Irã, a vida de uma mulher vale metade da do homem num acidente de viação; em tribunal, o testemunho de um homem vale tanto quanto o de duas mulheres; a mulher pode ser apedrejada até à morte em caso de adultério, prática, aliás, proibida na maioria dos países de cultura islâmica.<br /><br />A versão softcore é insidiosa e silenciosa e ocorre no seio das famílias, instituições e comunidades, não porque as mulheres sejam inferiores mas, pelo contrário, porque são consideradas superiores no seu espírito de abnegação e na sua disponibilidade para ajudar em tempos difíceis. Porque é uma disposição natural. não há sequer que lhes perguntar se aceitam os encargos ou sob que condições. Em Portugal, por exemplo, os cortes nas despesas sociais do Estado actualmente em curso vitimizam em particular as mulheres. As mulheres são as principais provedoras do cuidado a dependentes (crianças, velhos, doentes, pessoas com<br />deficiência). Se, com o encerramento dos hospitais psiquiátricos, os doentes mentais são devolvidos às famílias, o cuidado fica a cargo das mulheres. A impossibilidade de conciliar o trabalho remunerado com o trabalho doméstico faz com que Portugal tenha um dos valores mais<br />baixos de fecundidade do mundo. Cuidar dos vivos torna-se incompatível com desejar mais vivos.<br /><br />Mas a cultura patriarcal tem, em certos contextos, uma outra dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas.<br /><br />Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de resistência e a capacidade de inovação política das mulheres. É assim que se ignora o papel fundamental das mulheres na revolução do Egipto ou na luta contra a pilhagem da terra na Índia; a acção política das mulheres que lideram os municípios em tantas pequenas cidades africanas e a sua luta contra o machismo dos lideres partidários que bloqueiam o acesso das mulheres ao poder político nacional; a luta incessante e cheia de riscos pela punição dos criminosos levada a cabo pelas mães das jovens<br />assassinadas em Cidade Juarez; as conquistas das mulheres indígenas e islâmicas na luta pela igualdade e pelo respeito da diferença, transformando por dentro as culturas a que pertencem; as práticas inovadoras de defesa da agricultura familiar e das sementes tradicionais das mulheres do Quénia e de tantos outros países de África; a resposta das mulheres palestinianas quando perguntadas por auto-convencidas feministas europeias sobre o uso de contraceptivos: “na Palestina, ter filhos é lutar contra a limpeza étnica que Israel impõe ao nosso povo”.<br /><br />Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). </span></span></div>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-83268690827546014282011-02-02T23:24:00.002-02:002011-02-02T23:36:53.144-02:00<div align="justify"><span style="color:#cc0000;"><span style="font-size:130%;">A prisão de não saber dizer não</span><br /><br />A dificuldade em dizer não é um padrão emocional muito comum, facilmente detectável em boa parte das pessoas. A maioria de nós, em maior ou menor grau, sente essa dificuldade. Vamos analisar um pouco como esse padrão se manifesta, o que pode estar por trás dele, bem como sugestões de como seria possível melhorar.<br />Em alguns casos é muito fácil detectar o padrão de não conseguir impor limites. Conseguimos percebê-lo em nós mesmos muitas vezes quando alguém nos pede algo (ou as vezes nos impõe), e, para não causar brigas, constrangimentos ou para evitar sermos rejeitados, fazemos algo que vai contra o nosso desejo interior.<br />Outras vezes a dificuldade de dizer não aparece disfarçadamente. Vou citar um exemplo. Algumas explosões de raiva são na verdade, uma manifestação das consequências desse padrão. Conheço uma pessoa que costuma aceitar tudo, vai engolindo, aceitando, permitindo. O outro pede e ela faz e não reclama (pelo menos não reclama para a pessoa diretamente, comenta apenas com os outros). Todos a vêem como uma ótima pessoa, muito solícita. No entanto vai se acumulando uma insatisfação interior até que um belo dia surge uma grande reação de raiva.<br />Nesse dia, ela consegue dizer não para a pessoa e aproveita a oportunidade para falar tudo que ficou engasgado de tudo que ela fez contra a sua vontade. O resultado disso é a perda das amizades, dificuldades nos relacionamentos de trabalho e em todas as áreas.<br />As pessoas que tem esse padrão costumam comentar coisas do tipo “fulano é muito cara de pau, teve a capacidade de pedir isso e aquilo, e não é a primeira vez”; “eu jamais teria coragem de pedir tal coisa pra alguém”. E no final perguntamos: e você atendeu ao pedido? E a reposta é sempre “ah sim, acabei fazendo, mas foi contra a minha vontade”. E o discurso segue relatando o quanto esse pedido inapropriado lhe trouxe prejuízo material e quanto tempo foi perdido. É como se a pessoa dissesse interiormente “vou fazer o que estão me pedindo, mas de forma muito contrariada, vou reclamar bastante e ficar com muita raiva, comentarei com todo mundo o quanto essa pessoa é cara de pau, quem sabe ela toma consicência e para de me pedir essas coisas, não é possível que isso continue, ela deveria saber o limite, deveria ter bom senso assim como eu tenho”. Obviamente, o comportamento do outro não vai mudar por isso e a história irá se repetir.<br />Esse tipo de discurso coloca a pessoa no lugar vítima: “os outros não me respeitam, a culpa não é minha, o mundo é que deveria mudar”. Um ganho secundário desse comportamento é o de ser visto como uma pessoa boa pelos outros: a explorada, a coitada, a vítima das maldades do mundo. Muita gente usa do vitimismo para obter aceitação e reconhecimento. No entanto isso funciona muito pouco, ou funciona apenas no começo. A tendência é que as pessoas comecem<br />a perceber esse padrão e se afastem com o tempo, deixando a vítima cada vez mais isolada, o que a fará sentir ainda mais como uma vítima. Ela então precisará encontrar novos círculos para realizar o mesmo processo.<br />Muitas pessoas que agem dessa forma, inconscientemente começam a se isolar como forma de evitar relacionamentos e ter que fazer coisas contra a sua vontade. Viver a vida sem colocar limites acaba levando a tristeza, ansiedade e depressão.<br />Conforme citei no inicio do texto, a dificuldade de dizer não pode estar em vários níveis, variando de pessoa para pessoa. </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">Tem esse tipo de caso que relatei onde a pessoa acumula raiva até explodir. Tem outros casos também de pessoas que dizem não na hora em que recebem um pedido que acham injusto, mas o fazem de forma raivosa ou agressiva. É a sua defesa para esconder a insegurança que carregam. O “não” poderia ser dito de forma firme e ao mesmo tempo educada, sem qualquer tipo de desconforto por alguém que fosse mais seguro. Existe ainda aquele tipo que parece que nunca fica com raiva, nem mesmo com o acúmulo de situações. Prejudicam muito a sua própria vida. É nessas pessoas que a insatisfação provocada irá causar mais intensamente quadros de depressão e ansiedade.<br />Comecei a refletir sobre o seguinte. De vez em quando me pego irritado quando alguém me solicita algo que não considero razoável, ou testemunho amigos comentando coisas que indicam sentimentos parecidos. Comecei então a desenvolver o seguinte pensamento: Qualquer um tem o direito de pedir o quiser, quando quiser, e eu tenho que estar preparado para isso aprendendo a negar e colocar os limites de forma firme e sem me alterar. Se eu fico com raiva ou irritado, sei<br />que faz parte da minha insegurança e não adianta culpar a outra pessoa pois isso seria vitimismo.<br />Não saber colocar limites e dizer não é uma grande prisão porque ficamos dependendo do comportamento do outro para ficar em paz. É uma insanidade ficar reclamando e dependendo do comportamentos dos outros. E quantas pessoas vivem falando sobre o quanto o mundo é injusto e sem noção? </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">O que causa o sofrimento não é o pedido absurdo da outra pessoa. Sofremos quando nós acatamos contra a nossa vontade ou quando reagimos de forma irritada. </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">Deixe o outro ser como quiser, e aprenda a dizer não quando achar que deve. Isso sim o deixará em paz.<br />Outra coisa comum é que a pessoa começa a prejudicar seus relacionamentos mais íntimos pois está sempre a disposição dos pedidos de outros mais distantes. Programas são desmarcados, mudanças de planos ocorrem de ultima hora... Logicamente isso causa desentendimentos familiares.<br />O mais interessante é que essas pessoas querem contar com compreensão da sua família; querem apoio para manter o seu comportamento subserviente com relação a terceiros. É como se dissessem “eu quero que você compreenda que eu não consigo dizer não para outras pessoas, e já que temos mais intimidade e sei que você me ama, você entenderá melhor se eu cancelar ou alterar o nosso programa pra que eu possa atender a outra solicitação. Por favor, compreenda isso e não brigue comigo, pois eu não posso contar com essa compreensão do outro lado e você sabe que tenho medo da rejeição, de não ser aceito, de perder minha imagem de bonzinho...”. Os familiares ficam magoados, sentem como se todo mundo fosse mais importante e que a relação mais próxima não está sendo valorizada, por que é exatamente isso que está ocorrendo. </span></div><div align="justify"><span style="color:#cc0000;">Se aceitamos esse tipo de comportamento, estaremos formando uma aliança que dá suporte ao subserviente.<br />Por trás da dificuldade em dizer não podemos citar vários sentimentos negativos relativos a autoestima: medo da rejeição, medo de não ser aceito, necessidade em ser reconhecido e valorizado. Existe uma ilusão de que isso será benéfico e que a pessoa será bem vista. Mas ocorre justamente o contrário. Quanto menos damos limites, mais as pessoas nos desvalorizam. Parafraseando Gaspareto, “o mundo lhe trata como você se trata”. É uma grande verdade. Quem vive nesse padrão dificilmente percebe isso e com o passar do tempo desenvolverá o discurso de que o mundo é um lugar cruel.<br />Quem sabe impor limites se liberta de muita ansiedade, acumula menos trabalho, melhora as relações em todos os níveis, se relaciona melhor e é mais respeitado.<br /><br />Abraços,<br />André Lima </span></div>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-1371896889857933592011-02-02T23:17:00.000-02:002011-02-02T23:18:18.529-02:00<span style="color:#cc0000;">O Elogio da Metamorfose, por Edgar Morin<br /><br />Quando um sistema é incapaz de tratar seus problemas vitais, ele se degrada, se desintegra ou então é capaz de gerar um meta-sistema como maneira de resolver seus problemas: aí ele entra em metamorfose. O sistema Terra é incapaz de se organizar para lidar com suas questões vitais: perigos nucleares que se agravam com a disseminação e, talvez, com a privatização das armas nucleares; a degradação da biosfera; a economia global sem uma verdadeira regulamentação; retorno da fome; conflitos étnico-político-religiosos tendem a se transformar em guerras de civilização.<br /><br />A amplificação e aceleração destes processos podem ser consideradas como o desencadeamento de um poderoso feedback negativo, um processo pelo qual um sistema se desintegra de forma irreversível.<br /><br />O mais provável é a desintegração. O improvável, possível , porém, é a metamorfose. O que é uma metamorfose? Vemos inúmeros exemplos dela do reino animal. A lagarta que está dentro de uma crisálida começa então um processo ao mesmo tempo de autodestruição e de autoreconstrução, segundo uma organização e uma forma de borboleta,diferente da lagarta, ainda que permanecendo a mesma. O nascimento da vida pode ser concebido como a metamorfose de uma organização físico-química, que, tendo chegado a um ponto de saturação, criou uma meta organização viva, que, embora tendo os mesmos componentes físico-químicos, produz qualidades novas.<br /><br />A formação das sociedades históricas, no Oriente Médio, na Índia, na China, no México, no Peru, constitui uma metamorfose a partir de um agregado de sociedades arcaicas de caçadores-coletores, que acabou produzindo as cidades, o Estado, as classes sociais, a especialização do trabalho, as grandes religiões, a arquitetura, as artes, a literatura, a filosofia. E isso também para o pior: a guerra, a escravidão. A partir do século XXI se coloca o problema da metamorfose das sociedades históricas em uma sociedade-mundo, de um novo tipo, que engloba os Estados-Nações, sem suprimí-los. Porque a continuação da história através de guerras, feitas por Estados que dispõe de armas de aniquilação, pode nos levar à quase destruição de humanidade. Enquanto que, para Fukuyama, as capacidades criativas da evolução humana se esgotam com a democracia representativa e a economia liberal, temos que pensar, ao contrário, que é a história que se esgotou e não as capacidades criativas dos humanidade.<br /><br />A idéia de metamorfose, mais rica do que a idéia de revolução, guarda dela a radicalidade transformadora, mas a liga à conservação (da vida, do legado das culturas). Para seguir na direção da metamorfose, como mudar de caminho? Mas se parece possível corrigir certos males, é impossível diminuir a onda gigantesca, o diluvio técnico-científico-econômico- civilizacional que conduz o planeta aos desastres. No entanto, a história humana muitas vezes mudou de direção. Tudo começa, sempre, com uma inovação, uma nova mensagem desviante, marginal, modesta, muitas vezes invisível aos contemporâneos. Assim começaram as grandes religiões: budismo, cristianismo e islã. O capitalismo se desenvolveu como um parasita das sociedades feudais, para finalmente, decolar e, com a ajuda das monarquias, as desintegrar.<br /><br />A ciência moderna foi formada a partir de alguns espíritos desviantes, inconformes às nomas, dispersos, Galileu, Bacon, Descartes, depois criou as suas redes e associações, foi introduzida nas universidades no século XIX, e no século XX introduzida nas economias e nos Estados para tornar-se um dos quatro motores potentes da espaçonave Terra. O socialismo nasceu de alguns espíritos autodidatas e marginalizados no século XIX, para se tornar uma formidável força histórica no séc. XX. Hoje, temos que repensar tudo. Tudo deve ser recomeçado.<br /><br />Tudo realmente recomeçou de novo, mas sem ninguém saber. Estamos na fase dos começos, modestos, invisíveis, marginalizados, dispersos. Por que eles já existem em todos os continentes, um fermentar criativo, numa infinidade de iniciativas locais, no sentido da regeneração económica, ou social, ou política, ou cognitiva, ou educacional, ou ética, ou da reforma da vida .<br /><br />Estas iniciativas não se conhecem entre si, nenhuma administração as contabiliza, nenhum partido político tem conhecimento delas. Mas elas são o viveiro para o futuro. Trata-se de reconhecer, identificar, recolher, recensear, compará-los uns aos outros e combiná-las em uma pluralidade de caminhos transformadores. Estes são caminhos múltiplos que podem, se desenvolvidos em conjunto, se combinar para formar a nova via que nos levaria em direção a essa ainda invisível e inconcebível metamorfose. Para desenvolver as vias que irão confluir indicando o Caminho, é preciso identificar essas alternativas delimitadas, que constrangem o mundo do conhecimento e do pensamento hegemônico. Assim, é necessário ao mesmo tempo globalizar e desglobalizar, crescer e decrescer, desenvolver e envolver.<br /><br />A orientação globalização / desglobalização significa que, se é preciso multiplicar os processos de comunicação e planetarização cultural, e, que é necessário constituir uma consciência da “Terra-Pátria”, é preciso também promover, de modo” desglobalizante”, a alimentação de proximidade, os artesanatos de proximidade, os comércios de proximidade, as hortas suburbanas, as comunidades regionais e locais.<br /><br />A orientação "crescimento / diminuição” significa fazer crescer os serviços, as energias verdes, os transportes públicos, a economia plural, especialmente a economia social e solidária, a humanização das megápolis, os agricultores e fazendas orgânicas e biológicas, os agricultores, mas fazendo decrescer a intoxicação consumista, a produção de alimentos industrializados e de produtos descartáveis e não recicláveis, o tráfego de veículos e caminhões, em detrimento das ferrovias.<br /><br />A orientação desenvolvimento/ envolvimento significa que o objetivo do desenvolvimento de bens materiais, da eficiencia, da rentabilidade, da monetarização não é mais fundamental. É preciso também agora o retorno de cada um às suas necessidades interiores, o grande retorno à vida interior e ao primado da compreensão dos outros, amor e amizade.<br /><br />Não basta mais denunciar. Temos agora que enunciar. Não é mais suficiente só lembrar da sua urgência. É preciso saber definir as vias que levam ao Caminho. O que nós estamos tentando contribuir? Quais são as razões para ter esperança? Podemos propor cinco princípios da esperança:<br /><br />1. O surgimento de improvável. Assim, a resistência por duas vezes vitoriosa da pequena Atenas frente ao formidável poder persa, cinco séculos antes de nossa era, foi altamente improvável e permitiu o nascimento da democracia e da filosofia. Também inesperado foi o congelamento da ofensiva alemã diante de Moscou, no outono de 1941, e depois improvável contraofensiva vitóriosa de Joukov, que começou em 05 de dezembro e foi seguida em 08 de dezembro pelo ataque a Pearl Harbor, que provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.<br /><br />2. As virtudes geradoras / criadoras inerentes à humanidade. Da mesma maneira que existe em todo organismo humano adulto células-tronco dotadas com as habilidades polivalentes (com potencial para se transformarem em toda e qualquer parte do corpo) próprias das células embrionárias, mas inativas, da mesma forma existe em todo ser humano, em qualquer sociedade humana, virtudes regenerativas, geradoras e criativas em estado latente, ou inibida.<br /><br />3. As virtudes da crise. Ao mesmo tempo que as forças regressivas ou desintegradoras, as forças criativas são despertadas na crise planetária da humanidade.<br /><br />4. O que vai combinar com as virtudes do perigo: "Quando o perigo está crescendo também cresce o que nos salva." A chance suprema é inseparável do risco supremo.<br /><br />5. A aspiração multimilenaria da humanidade para a harmonia (paraíso, depois utopias, depois ideologias libertárias / socialista / comunista, depois aspirações e revoltas juvenís da década de 1960). Esta aspiração renasce no pulular, no formigamento de iniciativas múltiplas e dispersas que poderão alimentar os caminhos reformadores, com vocação para se reencontrarem nesse novo caminho.<br /><br />A esperança estava morta. As gerações mais velhas estão desiludidas com falsas esperanças. As gerações mais novas estão desoladas que não existam mais causas como a nossa resistência durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a nossa causa carregava em si seu contrário. Como disse Vasily Grossman de Stalingrado, a maior conquista da humanidade foi, ao mesmo tempo, sua maior derrota por que o totalitarismo stalinista saiu vitorioso. A vitória das democracias restabeleceu no ato seu colonialismo. Hoje a causa é inequívoca, sublime: trata-se de salvar a humanidade.<br /><br />A esperança verdadeira sabe que ela não é uma certeza. É a esperança não ao melhor dos mundos, mas em um mundo melhor. A origem está diante de nós, dizia Heidegger. A metamorfose seria, efetivamente, uma nova origem.<br /><br />Edgar Morin - Sociólogo e filósofo. Nasceu em 1921, é diretor emérito de investigação no CNRS, presidente da Agência Europeia para a Cultura (UNESCO) e presidente da Associação para o Pensamento Complexo.</span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-45046361016542087512011-02-02T22:40:00.001-02:002011-02-02T22:44:30.860-02:00<span style="color:#990000;">NÃO APRESSES...<br /><br />Não apresses a chuva,<br />ela tem seu tempo de cair e<br />saciar a sede da terra;<br /><br />Não apresses o pôr do sol,<br />ele tem seu tempo de anunciar<br />o anoitecer até seu último raio de luz;<br /><br />Não apresses tua alegria,<br />ela tem seu tempo para<br />aprender com a tua tristeza;<br /><br />Não apresses teu silêncio,<br />ele tem seu tempo de paz após<br />o barulho cessar;<br /><br />Não apresses teu amor,<br />ele tem seu tempo de semear mesmo<br />nos solos mais áridos do teu coração,<br /><br />Não apresses tua raiva,<br />ela tem seu tempo para diluir-se<br />nas águas mansas da tua consciência;<br /><br />Não apresses o outro,<br />pois ele tem seu tempo para<br />florescer aos olhos do criador;<br /><br />Não apresses a tí mesmo,<br />pois precisas de tempo para<br />sentir tua própria evolução.<br /><br />Autoria Desconhecida</span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-45230403206523164072011-02-02T22:34:00.001-02:002011-02-02T22:38:27.409-02:00<span style="font-family:arial;color:#cc0000;">24/02/2009 - 19h48<br />Música pode retardar Alzheimer, diz estudo da BBC Brasil </span><br /><br /><span style="font-family:arial;color:#cc0000;">Estudos feitos nos Estados Unidos indicam que pacientes com Mal de Alzheimer talvez possam retardar o desenvolvimento da condição por meio de musicoterapia.<br /><br />O pesquisador Petr Janata, da Universidade da Califórnia, monitorou a atividade cerebral de um grupo de voluntários enquanto ouviam música e concluiu que a região do cérebro associada à música também está associada às memórias mais vívidas de uma pessoa. A área do cérebro parece servir de centro que liga música conhecida, memórias e emoções.<br />Seu estudo foi publicado na edição online da revista científica "Cerebral Cortex" e será incluído na edição impressa da revista, ainda neste ano.<br />Segundo Janata, a revelação pode ajudar a explicar por que música pode despertar reações fortes em pessoas com o Mal de Alzheimer.<br />A região ativada durante o experimento, o córtex pré-frontal (logo atrás da testa), é uma das últimas áreas do cérebro a se atrofiar à medida em que a doença progride.<br />O que parece acontecer é que uma música conhecida serve de trilha sonora para um filme mental que começa a tocar em nossa cabeça", disse o especialista.<br />"Ela traz de volta as lembranças de uma pessoa ou um lugar, e você pode de repente ver o rosto daquela pessoa na sua mente".<br />"Agora podemos ver a associação entre essas duas coisas - música e memória".<br /><br />Estimulante<br /><br />Trabalhos anteriores de Janata já haviam indicado que música serve como um potente estimulante no resgate da memória.<br />De forma a aprender mais sobre o mecanismo por trás desse fenômeno, ele reuniu 13 voluntários (estudantes da Universidade da Califórnia) para um novo estudo.<br />Enquanto os voluntários ouviam trechos de 30 canções diferentes em fones de ouvido, Janata monitorou a atividade em seus cérebros com um exame de ressonância magnética (fMRI).<br />Para aumentar as chances de que os estudantes associassem ao menos algumas das canções com lembranças do passado, o pesquisador selecionou músicas que foram sucesso no período em que cada voluntário tinha entre oito e 18 anos de idade.<br />Depois de ouvir cada trecho, os participantes responderam perguntas sobre a canção, entre elas, se a música era conhecida, se era boa e se estava associada a algum acontecimento, incidente ou lembrança.<br />Logo após o exame de ressonância magnética, os voluntários completaram um questionário sobre o conteúdo e a vividez das lembranças que cada canção familiar havia despertado.<br />Os questionários revelaram que, em média, cada participante reconheceu entre 17 e 30 trechos. Desses, cerca de 13 eram moderadamente ou fortemente associados com uma lembrança autobiográfica.<br />Músicas que estavam associadas a lembranças mais importantes foram as que provocaram as respostas mais emotivas.<br />Mais tarde, comparando os questionários com as imagens registradas pelo exame de ressonância magnética, Janata descobriu que o grau de importância da lembrança era proporcional à quantidade de atividade no córtex pré-frontal do estudante.<br />O experimento confirmou a hipótese de Janata de que esta região do cérebro associa música e memória.<br /><br />Segundo Janata, lembranças de canções importantes do ponto de vista autobiográfico parecem ser poupadas em pessoas com o Mal de Alzheimer.<br />Tendo isso em vista, um dos objetivos do especialista é usar suas pesquisas para desenvolver terapia baseada em música para pessoas que sofrem da condição.<br />"Equipar pacientes com tocadores de MP3 e listas personalizadas de canções", ele especula, "pode talvez ser uma estratégia efetiva e econômica para melhorar sua qualidade de vida".<br /></span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-89290169063125642572010-10-18T23:20:00.000-02:002010-10-18T23:21:58.795-02:00<span style="color:#cc0000;">A ARTE DE MENSTRUAR<br /><br />Monika vom Koss <http:><br /><br />O que define uma mulher? Muitas respostas poderiam ser dadas a esta pergunta, mas o que caracteristicamente a define é o fato de que mulher menstrua. E em sua condição plena, ela menstrua regularmente, expressão redundante, pois a palavra menstruação, que significa, literalmente, ‘mudança de lua’, tem como sílaba-raiz mens, mensis, a medida, origem da contagem do tempo, i.é., da regularidade.<br /><br />A sílaba latina mens forma palavras como medida, dimensão metro, mente, para citar algumas. No sânscrito, a sílaba original era ma, de mãe, mana. Na Suméria, os princípios organizadores do mundo, atributos da deusa Inana, eram os me, sílaba contida no nome de muitas deusas, como Medéia, Medusa, Nêmesis e Deméter.<br /><br />Para as mulheres da Idade da Pedra, o sangue menstrual era sagrado. É provável que a palavra sacramento se origine de sacer mens, literalmente, menstruação sagrada. Um ritual exclusivamente feminino, conhecido pelos gregos como Thesmophoria, mas cuja origem se perde no tempo, era realizado anualmente no período da semeadura. As mulheres que tinham atingido a idade do sangramento se reuniam num campo sagrado, e ao primeiro sinal do fluxo menstrual, elas desciam por uma fenda para levar sua oferenda às Cobras, as grandes divindades primárias do mundo profundo, que representam o poder regenerador na terra, no campo e no corpo das mulheres. Ofereciam o melhor leitão da ninhada, cuja carne apodrecida junto ao sangue menstrual era misturada às sementes, que então eram enterradas no campo sagrado, para promover e propiciar uma colheita abundante.<br /><br />Os antigos ritos de menstruação hindus estão relacionados com Vajravarahi, literalmente ‘Porca de Diamante’, a deusa que rege as divindades femininas iradas, que dançam o campo energético do ciclo menstrual. Ela é a dançante Dakini vermelha, filha da Deusa Primal do Oceano de Sangue, mais tarde denominado de Soma.<br /><br />Representando o fluido da vida, o sangue menstrual sempre foi considerado tabu, palavra polinésia que significa ‘sagrado’ e que foi interpretada pelos antropólogos como sendo ‘proibido’. De fato, o sangue menstrual, como o poder de criar vida que conecta as mulheres com o próprio universo, era tabu, isto é, sagrado e portanto proibido àqueles que não menstruassem, como era o caso dos primeiros antropólogos homens.<br /><br />No mais esotérico dos rituais tântricos, o Yoni Puja, os sucos liberados pela cópula eram misturados com vinho e partilhados pela congregação. O mais poderoso de todos os sucos era aquele obtido quando a yogini estava menstruando.<br /><br />*Ao longo dos milênios, as mulheres têm desaprendido a arte de menstruar, de fluir com a vida. Nas sociedades tribais, a menarca, o início do fluir do sangue, era celebrada com um rito de passagem, auxiliando a menina a realizar sua entrada para o reino do mana: o poder sagrado transmitido pelo sangue e que tanto podia dar como tirar a vida. Além de apaziguar o poder destruidor, o rito tinha como função auxiliar a menina a entender sua condição física e sua relação com a função procriadora da natureza. Ainda uma criança em espírito e condição social, a partir de suas regras, a jovem deve assumir o comando de sua vida. Sem ritos de passagem, o que temos para oferecer às nossas meninas, que as ajude a transformar e assumir sua nova<br />identidade?*<br /><br />*Ao longo do processo civilizatório, a menstruação foi sendo depreciada, relegada, virando tabu. O que era sagrado tornou-se proibido, sujo, contaminado. A regra passou a ser esconder a regra. O resultado disto foi que o evento central na vida de toda mulher madura tornou-se invisível.<br />Ironicamente, retorna à visibilidade para se tornar um negócio milionário, o dos absorventes ditos ‘higiênicos’, mas que continua a reforçar a idéia de que o sangue menstrual é ‘sujo’. O apelo maior da propaganda de absorventes é tornar a menstruação invisível. Promete que usar tal ou qual marca de absorvente possibilita à mulher levar a vida como se nada estivesse acontecendo em seu corpo. Descaracteriza-a como mulher, negando sua característica mais distintiva.*<br /><br />*Devemos abolir os absorventes? É claro que não, pois não vivemos na Idade da Pedra. Mas talvez devêssemos nos espelhar no exemplo das índias andinas, que simplesmente se agacham e deixam seu sangue fluir para a terra.<br />Impossibilitadas de agir assim numa terra coberta de asfalto, podemos, contudo, transformar esta prática num ritual. É importante para as mulheres recuperarem o sentido sagrado do fato biológico central em suas vidas. Pois, ainda hoje, a maioria das mulheres ‘liberadas’ acredita que suas regras (aquilo que as rege) é uma inconveniência que, se possível, deveria ser eliminada. Se formos capazes de romper com esta crença, talvez possamos desvincular o feminino da idéia de fragilidade e instabilidade. A decantada imprevisibilidade feminina é, em grande parte, decorrente das oscilações a que a mulher está submetida, ao longo de seu ciclo mensal. É a expressão da imprevisibilidade da própria vida.*<br /><br />*O ciclo hormonal feminino apresenta dois pontos culminantes: a ovulação e a menstruação. O polo branco da ovulação, chamado muitas vezes de rio da vida, é o polo ovariano, procriativo, momento do ciclo em que, biologicamente, a mulher se coloca plenamente a serviço da espécie. O polo vermelho da menstruação, também chamado de rio da morte, é o polo uterino, quando a mulher se volta para si mesma. Ou pelo menos deveria, pois a arte de menstruar, a habilidade de fluir com a vida, é o momento em que somos chamadas para dentro, a fim de curarmos a nós mesmas.*<br /><br />*Desprezada e negligenciada, não é de estranhar que a menstruação revide. A TPM (Tensão entre Patriarcado e Menstruação) é a expressão do conflito que nós mulheres vivemos, entre voltarmo-nos para o acontecimento sagrado dentro de nós ou atender à demanda do mundo externo. O período menstrual nos torna mais sensíveis, captando os acontecimentos em torno de nós através de uma lente de aumento e reagimos de acordo. Se aprendermos a respeitar o movimento energético que acontece em nosso interior, poderemos usar esta sensibilidade de um modo mais significativo e reverter a depreciação a que o sangramento foi submetido, recuperando sua sacralidade.*<br /><br />*Como mulheres modernas, inseridas num mundo que funciona de acordo com os valores masculinos, nem sempre podemos nos recolher na cabana de menstruação, como faziam nossas antecessoras, onde descansavam e partilhavam suas experiências. Mas podemos reduzir nossas atividades ao mínimo, deixando para outro momento algumas delas. Também podemos nos recolher para dentro de nós, enquanto executamos as atividades diárias que nos competem. Depois de cumpridas as tarefas, podemos nos retirar para um lugar tranqüilo e prestar atenção ao que acontece no nosso útero, observar as sensações e os sentimentos, os sonhos que emergem. O período menstrual é o momento em que podemos aprender mais a nosso respeito e curar nossas feridas. Assim reverenciada, a arte de menstruar pode ser recuperada, possibilitando uma vida mais plena e feliz como mulher.<br />*<br />Fontes: Caldeirão</span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-51992950755833112362010-10-18T15:16:00.000-02:002010-10-18T15:18:22.836-02:00<span style="color:#cc0000;"><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:180%;">Maria Madalena não era prostituta</span><br /></span><br /></span><span style="font-family:arial;color:#cc0000;">(Publicado no Jornal de Opinião, 6 a 12/05/2002)<br /><br />Frei Jacir de Freitas Faria<br /><br />Quem era, de fato, Maria Madalena? A ligação errônea das passagens evangélicas que falam dela levou a identificá-la com a pecadora (prostituta?) que ungiu os pés de Jesus (Lc 7,36-50). E esse erro, infelizmente, virou verdade de fé. O inconsciente coletivo guardou na memória a figura de Maria Madalena como mito de pecadora redimida. Fato considerado normal nas sociedades patriarcais antigas. A mulher era identificada com o sexo e ocasião de pecado por excelência.<br /><br />Daí não ser nenhuma novidade a pecadora de Lucas ser prostituta e a prostituta ser Maria Madalena. Lc 8,2 cita nominalmente Maria Madalena e diz que dela “haviam saído sete demônios”. Ter demônios, segundo o pensamento judaico, é o mesmo que ser acometido de uma doença grave. No cristianismo, o demônio foi associado ao pecado. No caso da mulher, o pecado era sempre o sexual.<br /><br />Nesse sentido, a confusão parece lógica. Mas não o é, se levarmos em consideração o valor da liderança exercida por Maria Madalena entre os primeiros cristãos, bem como a predileção de Jesus por ela. Entre os discípulos judeus, considerar Maria Madalena como prostituta significava também subestimar o valor da mulher enquanto liderança. Os padres da Igreja seguiram essa linha de pensamento.<br /><br />Num fragmento apócrifo encontramos os nomes das nove mulheres que vão ao sepulcro, na manhã de domingo. Salomé é chamada de a sedutora. Uma mulher é chamada de a pecadora, da qual Jesus tinha dito: “Teus pecados te são perdoados”. De Maria Madalena não se diz nada, o que nos mostra que Maria Madalena não é vista como prostituta pelas primeiras comunidades.<br /><br />Maria Madalena, tida como prostituta está ligada a Maria, mãe de Jesus e virgem pura por excelência. “No plano dos arquétipos, a figura mítica da meretriz penitente é estritamente conexa com aquela da Virgem mãe, e constitui em certo sentido a outra vertente do mesmo mecanismo psicológico.<br /><br />Virgindade e maternidade, antes de serem duas opções possíveis entre as inumeráveis escolhas essenciais, são símbolos arquetípicos que, absolutizados e referidos às mulheres como modelos de comportamento concreto, refletem uma visão da realidade exclusivamente machista.<br /><br />Acabam sendo funcionais ao perpetuarem imóveis este modelo de realidade. Nesta perspectiva, a mulher não-virgem-não-mãe constitui o arquétipo feminino negativo por excelência: a Prostituta ou, em todo caso, a Tentadora. Além disso, tanto a Virgem Maria Toda Pura, quanto a Pecadora Penitente Toda Impura, apesar de opostas, são definidas exclusivamente com base no sexo e na feminilidade percebida como uma realidade ‘oposta’ (...).<br /><br />Enquanto Maria de Nazaré é a Mãe assexuada, Maria de Mágdala se torna a mulher, a Outra. Num contexto religioso totalmente machista, a Outra deve ficar num estado de inferioridade, portanto ‘dominável’, por definição e por princípio” [1].<br /><br />Tanto Maria Madalena como Maria, a mãe de Jesus, são personagens que marcaram o cristianismo. A diferença está em descobrir que nos apócrifos Maria Madalena não era a prostituta e Maria, a mãe, não deixou de ser mulher para ser a mãe do Salvador. </span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-82897624127810075462010-10-11T11:02:00.000-03:002010-10-11T11:02:53.120-03:00Memórias de uma mulher impossível - Cinco sobre cinco<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/gjY-K9KPXyU?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/gjY-K9KPXyU?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-30474581191360100862010-10-06T20:19:00.000-03:002010-10-06T20:19:10.221-03:00La Abuela Margarita<object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i1.ytimg.com/vi/x5jDj6CbIRY/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/x5jDj6CbIRY?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/x5jDj6CbIRY?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-56594289614886021072010-08-16T15:08:00.000-03:002010-08-16T15:09:36.544-03:00<span style="font-family:arial;color:#990000;">A ausência de amor é a causa na raiz de todos os problemas.<br />E a causa não está longe. Na verdade está dentro de cada indivíduo. É a condição individual interna que resulta na condição do coletivo. Cada empreitada na vida é apenas uma busca pelo amor. Assim como uma criança estava infeliz porque queria que alguém a amasse. Mais tarde a busca prosseguiu com os professores, o cônjuge, e depois com os filhos. A vida se tornou um grande processo de espera. Freqüentemente testamos nossos entes queridos pelo que chamamos de amor real e acabamos ficando insatisfeitos e com raiva.<br />Aquilo que as pessoas chamam de amor, é apenas pedir, desejar ardentemente e implorar por amor. Este pedido pelo amor, é o que pensamos ser o amor. A conseqüência é frustração, aborrecimento, e desespero.<br />Cada indivíduo tem um vazio no interior. Para preencher o vazio usamos as relações. As pessoas tem a necessidade constante de se sentirem amadas por isto tendem a serem possessivas nas suas relações. Quando o amor é posse há o medo da perda. A pessoa destrói a sua liberdade e a de todos. Um ato de medo é reivindicado como sendo amor! A verdade é que as pessoas não se amam, e uma relação é o meio de se amar. Eles tentam se preencher através das relações.<br />Todo amor tem que começar com o amor por si mesmo. Saiba que você só pode fazer aos outros o que faz por si mesmo. Ao contemplar sobre isso a pessoa descobre que o modo como se relaciona internamente consigo mesmo é a forma de se relacionar com os outros. Se um indivíduo se condena por cada pensamento, palavra ou ação, com certeza fará o mesmo com os outros.<br />Se a pessoa fica obcecada e perturbada pelas suas deficiências, ela certamente irá causar problemas aos outros a respeito de suas deficiências.<br />Quando a pessoa para de se preocupar consigo e se aceita como é, então ela se apaixona por si mesma. Ela fez as pazes no interior e portanto fez também com o mundo. Ela descobre que o amor é a essência do universo. É sua verdadeira natureza. </span><br /><span style="font-family:Arial;color:#990000;"></span><br /><span style="font-family:Arial;color:#990000;">Sri Amma Bhagavan</span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-50947942528907231372010-08-02T22:14:00.000-03:002010-08-02T22:16:05.110-03:00<span style="font-family:arial;color:#cc0000;"><br />“Eu aconselho minhas pacientes grávidas a evitar o bisfenol A ao máximo”<br />Em entrevista, Hugh Taylor, pesquisador obstetra da Universidade de Yale, fala sobre a grande incidência de câncer de mama e sua relação com a exposição ao BPA ainda no útero<br /><br />O médico Hugh S. Taylor é professor de obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutivas e chefe do Departamento de Endocrinologia e Infertilidade da Escola de Medicina da Universidade de Yale. Também é diretor do Centro de Endometria e Endometriose da mesma universidade e foi o principal pesquisador em um estudo que identificou importante mecanismo acionado pela exposição ao BPA durante a gravidez que poderia induzir ao desenvolvimento de câncer de mama décadas depois do nascimento da criança.<br /><br />Medscape: Você poderia descrever sua pesquisa sobre o risco do desenvolvimento de câncer em mulheres cujas mães foram expostas ao bisfenol A (BPA) durante a gravidez e nos dizer se a pesquisa é clinicamente significante?<br /><br />Dr. Hugh Taylor: Nesta pesquisa utilizamos um modelo com ratos para observar qual o risco de desenvolver o câncer de mama depois de exposição uterina tanto ao dietilestilbestrol (DES) como ao bisfenol (BPA). Observamos mães que ingeriram um desses compostos estrogênicos durante a gravidez e depois determinamos que efeitos a ingestão teve nas filhas depois de adultas. A prole não foi exposta a esses agentes quando adultas. Elas só foram expostas durante a gravidez. Pesquisamos apenas o tecido mamário. Evidencias recentes demonstram que mulheres que foram expostas ao DES quando fetos começam a mostrar um elevado risco de desenvolvimento do câncer de mama quando chegam aos 40 anos. Essa droga foi utilizada na década de 50 e 60 para prevenir abortos e agora vemos que isso está levando a um maior risco de desenvolvimento de câncer de mama em suas filhas. Nossa intenção era descobrir o mecanismo por trás desse risco. Como pode a exposição ao estrogênio enquanto feto influenciar o risco de desenvolver câncer de mama meio século depois do consumo? Também queríamos determinar se o BPA tem o mesmo efeito.<br /><br />Como você compara as diferenças entre o DES e o BPA em termos da potencialidade de seus efeitos?<br />HT: Bom, isso foi uma surpresa. O DES é um estrogênio muito potente e o BPA é um estrogênio fraco. Foi então surpreendente que os dois estrogênios tivessem o mesmo efeito em nossa pesquisa, o que nos fez especular que eles estariam afetando a expressão genética através de um outro mecanismo além do efeito no receptor estrogênico.<br /><br />Em termos de importância clínica, você está muito preocupado com os resultados?<br />HT: Como eu já mencionei, nosso objetivo era entender esse mecanismo e não decidir qual dose é segura. A similaridade com o DES faz nossas descobertas muito relevantes. Em humanos está muito claro que mulheres expostas ao DES apresentam muitas complicações reprodutivas, incluindo úteros anormais e está se tornando aparente que há um aumento no risco de desenvolvimento de câncer de mama, especialmente depois de ficarem mais velhas. Nosso estudo mostrou que o BPA está fazendo exatamente a mesma coisa. Isso me preocupa. Ainda não está claramente definido o que exatamente uma mulher grávida deve fazer, mas eu diria que faz todo sentido se precaver. A maior parte das evidências disponíveis mostra que há um certo risco.<br /><br />É possível estudar os efeitos do BPA em mulheres?<br />HT: Nunca teremos um estudo perfeito com mulheres. Primeiro porque em países desenvolvidos todas as mulheres estão expostas ao BPA, então você teria dificuldade em achar um grupo de controle sem exposição. E se você achasse esse grupo em um país em desenvolvimento você ainda não poderia fazer a comparação. Existem muitas outras diferenças, então é difícil atribuir um resultado somente ao BPA. Você também nunca daria a mulheres grávidas uma dose que pode ser perigosa. Não seria ético. De qualquer forma, temos correlações entre níveis de bisfenol na urina e doenças em humanos. Com estudos feitos com animais e essas correlações acho que faz sentido ser cuidadoso e não correr o risco de se expor ao BPA, especialmente durante a gravidez. A gravidez é o período mais vulnerável. Portanto, eu aconselho minhas pacientes grávidas a evitar o BPA o máximo possível.<br /><br />Que dicas você dá para evitar o BPA?<br />HT: É quase impossível evitar o BPA completamente. Está presente em tantos produtos. Eu ainda tenho o que aprender em relação a isso, mas eu acho que uma exposição comum é através de garrafas de plástico.<br /><br />Isso inclui recipientes para armazenar alimentos? Como identificar se o produto tem bisfenol A?<br />HT: Sim, o número de reciclagem no pequeno triângulo na parte inferior do produto é geralmente uma boa dica. Se tem o número 7 pode conter BPA.<br /><br />Enlatados também são claramente uma importante fonte de BPA.<br />HT: Sim, quase todas as latas são revestidas interiormente com a resina epóxi que contem BPA. Essa resina evita que a lata vaze e que bactérias contaminem os alimentos, o que é uma boa coisa, mas o BPA migra da lata para o alimento. Faz sentido uma mulher grávida evitar comer ou beber enlatados, especialmente nos primeiros meses de gravidez. Isso inclui comer fora, porque muitos restaurantes utilizam produtos enlatados para preparar pratos. É uma boa ideia comer frutas e vegetais frescos e é claro que isso tem outras vantagens também.<br /><br />O BPA está presente nas latas há muitas décadas. Isso não demonstra sua segurança?<br />HT: Mas também estamos vendo a incidência de câncer crescer, incluindo de câncer de mama nas últimas décadas. O quão o BPA é responsável por isso? Eu não sei.<br /><br />Existem outros compostos estrogênicos preocupando as pessoas, então é claro que surge a pergunta sobre como eles se comportam juntos.<br />HT: Nós ainda não sabemos. É claro que estamos expostos a muitos químicos, e alguns funcionam como hormônios e sem dúvida interagem; mas até entendermos melhor como isso acontece acho que faz sentido tentar eliminar ou evitar aqueles que já sabemos ser perigosos. O BPA, por exemplo, já certamente demonstrou que leva a problemas no útero e nos seios.<br /><br />Porque você acha que seu estudo gerou tanto interesse da mídia?<br />HT: Bom, eu acho que é a primeira vez que um mecanismo nos diz porque estamos observando uma maior incidência de câncer de mama. Essa pesquisa poderá ajudar a resolver o mistério de como uma breve exposição pode programar uma pessoa por toda a vida. Isso é uma novidade.<br /><br />Você tem observado uma movimentação das pessoas para eliminar o BPA de produtos?<br />HT: Sim, por exemplo, a Califórnia e Connecticut já aprovaram leis para remover o BPA de brinquedos de crianças. A Nalgene já retirou o BPA de suas garrafas de água. O Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental (National Institute of Environmental Health Sciences - NIEHS) investiu muito em pesquisas sobre os efeitos do BPA. Na verdade, a mídia e o público em geral estão fazendo mais que todos para impactar esse assunto. O mercado está causando a maior parte dessas mudanças. A Nalgene retirou o BPA de suas garrafas não porque isso foi exigido por lei, mas porque as pessoas começaram a ler sobre esse assunto e passaram a comprar garrafas de aço inox. O Walmart* também está retirando produtos com BPA de suas prateleiras e isso também aconteceu porque consumidores pediram por essas mudanças. Forças do mercado impulsionadas por notícias e pesquisas sérias é que estão levando a essas mudanças e não regulamentações governamentais.<br /><br />Notícia originalmente publicado no dia 27 de julho de 2010 no Medscape, site para profissionais da saúde dos Estados Unidos.<br />Autora: Carol Peckham. Reprodução autorizada.<br />Pesquisa foi publicada em maio de 2010 na revista Hormones and Cancer da Sociedade Americana de Endocrinologia. Department of Obstetrics, Gynecology, and Reproductive Sciences, Yale University School of Medicine, 333 Cedar Street, P. O. Box 208063, New Haven, CT 06520, USA.<br /><br />*Somente em lojas dos Estados Unidos e Canadá<br /></span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-84813708983387465512010-08-02T22:12:00.000-03:002010-08-02T22:13:19.206-03:00<span style="font-family:arial;color:#cc0000;">"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele ou por sua origem, ou sua religião.<br /><br />Para odiar as pessoas precisam aprender.<br /><br />E se podem aprender a odiar, podem ser ensinados a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.<br /><br />A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta."<br /><br />( Nelson Mandela)<br /></span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-22921892389224768882010-08-02T22:11:00.000-03:002010-08-02T22:12:05.475-03:00<span style="font-family:arial;color:#990000;">A lei não escrita<br />Rosiska Darcy de Oliveira<br />O GLOBO – 24 de julho de 2010<br /><br /><br />É possível que, nas sombras, uma mulher tenha sido estrangulada e jogada aos cães. Outra, à luz do dia, seria morta a pedradas não a tivesse salvo, in extremis, uma corrente global de defesa de direitos humanos. Por enquanto...<br /><br />“Uma ‘piranha’ querendo extorquir o goleiro do Flamengo”, me explicou um chofer de táxi, indignado com a injustiça contra o acusado. A outra, adúltera, palavra maldita na boca de aiatolás escandalizados, no Irã do companheiro Ahmadinejad.<br /><br />Fogo, pedras, bala nas costas ou rotweillers, aqui ou lá, são fins previsíveis das mulheres atiradas na vala das indecentes. No Irã, apoiada na religião e na tradição, a execução é legal. No Brasil, é clandestina e selvagem, apoiada na inoperância do Estado e na apatia da sociedade.<br /><br />As delegacias de atendimento a mulher foram necessárias. Quem recorria a uma delegacia comum esbarrava no preconceito da própria polícia. Mereceu a surra que levou? Provocou com pérfida sedução o estupro que sofreu? Houve quem risse, cúmplice,quando o goleiro Bruno perguntou qual o homem que, na vida, nunca saiu na mão com uma mulher. Quem se associaria hoje, mesmo em um sorriso, a tão ilustre pensador?<br /><br />A lei Maria da Penha exprime o repúdio de mulheres de todas as classes à barbárie de um mundo anômico e sombrio. Exigiram proteção do Estado e punição para agressores e assassinos, fossem eles maridos, amantes ou namorados eventuais. Supunha-se que a lei teria efeito punitivo e também dissuasório. Anos depois, o país registra a cifra estarrecedora de uma mulher assassinada a cada duas horas. Que sociedade de orangotangos é essa? Que democracia inconclusa é essa?<br /><br />Paradoxo inexplicável, um país que se apresenta ao mundo como potência emergente, alardeando modernidade, com duas candidatas à presidência da república, é o mesmo que convive com o massacre das mulheres, nos aproximando do que há de mais anacrônico no mundo contemporâneo.<br /><br />Eliza Samudio procurou uma delegacia, invocou uma lei e foi enviada a um juizado que, todos, existiam para protegê-la. Deixada ao desabrigo, foi morta. O sistema judiciário falhou tragicamente. A responsabilidade, cabe a ele mesmo apurar e punir. Não é a primeira vez que falha. O jornalista Pimenta Neves, assassino confesso que, pelas costas, executou a amante, condenado a dezenove anos de cadeia, está em liberdade, blindado por artimanhas jurídicas.<br /><br />O cidadão Joseph K, no livro O Processo de Franz Kafka, é encarcerado por um crime cuja acusação não conhece. Pimenta, personagem kafkiano pelo avesso, foi libertado malgrado um crime que confessou.<br /><br />Tão perigosa quanto a violência explícita do crime ou a inoperância da justiça é a violência surda dos olhares enviesados, dos “mas” ou “talvez” que desculpam a brutalidade, argumentando que a moça não era nenhuma santa. Crimes bárbaros encontram atenuante nos “pecados” sexuais atribuídos às mulheres. Só elas são ‘vagabundas’, resguardado aos homens o direito a fazer em matéria de sexo o que bem quiserem sem que isso interfira em outros aspectos de suas vidas ou reputação.<br /><br />Don Juan e Casanova são os modelos mais acabados da virilidade bem sucedida. A literatura está cheia de exemplos de rapazes pobres que “sobem na vida”, casando-se com herdeiras e tudo se passa em um clima de esperteza consentida e incentivada. Não há masculino para piranha.<br /><br />Políticos fazem orgias, jogadores de futebol também, condenadas são as mulheres que delas participam. Eles não, apenas exercem um direito ancestral - são folguedos, farras - onde usam seres humanos como coisas que desprezam. Não nos iludamos, a chamada mulher honesta também apanha se contraria um violento. O sentimento de poder não aceita desobediência .<br /><br />A falha não está somente na justiça. A lei, por melhor que seja, não arranca as raízes de uma cultura perversa. Quem muda a cultura são os homens e mulheres que decidem recusar em suas vidas as relações de poder que deságuam nessa aberração. A sociedade não é uma abstração, é o dia a dia das pessoas, nos gestos de amor ou de ódio, no sexo que reconhece - ou não - qualquer mulher como um ser humano.<br /><br />Assassinos de mulheres não são necessariamente psicopatas. São criminosos que acreditam no seu bom direito de matar e por isso não se arrependem. Mortas, suas vitimas continuam a ser culpadas.<br /><br />Há países islâmicos em que as impuras são jogadas em um buraco e apedrejadas. Não seria essa a encenação perfeita, a atualidade e materialização de uma lei que, não escrita, ainda vigora, também entre nós, inconsciente ou inconfessa? </span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-18617755374453498032010-07-19T12:08:00.001-03:002010-07-19T12:08:49.516-03:00<span style="font-family:arial;color:#990000;">"Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te" ... "Na verdade, somos uma só alma, tu e eu, Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti, Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo. Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu..." </span><br /><span style="font-family:arial;color:#990000;">(Rumi)</span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-11609885806037651192010-07-19T12:04:00.001-03:002010-07-19T12:05:45.140-03:00<span style="font-family:arial;"><span style="color:#cc0000;"><span style="font-size:180%;">Pesquisadores: exposição a plantas pode aumentar imunidade<br /></span>12 de julho de 2010 • 09h14 </span></span><br /><br /><span style="font-family:arial;color:#cc0000;">No verão, alergias e a promessa do ar condicionado tendem a levar as pessoas a lugares fechados. Mas para aqueles que conseguem suportar o calor e o pólen, passar mais tempo junto à natureza pode ter alguns efeitos surpreendentes à saúde.<br />Numa série de estudos, cientistas descobriram que, quando as pessoas trocam suas "prisões" de concreto por algumas horas em ambientes naturais - florestas, parques e outros locais com muitas árvores -, elas apresentam um aumento na função imunológica.<br />A redução do stress é um fator. Mas os cientistas também associam isso a phytoncides, químicos transportados pelo ar emitidos pelas plantas para protegê-las de apodrecer e dos insetos, e que aparentemente também beneficiam os humanos.<br />Um estudo publicado em janeiro incluiu dados sobre 280 pessoas saudáveis no Japão, onde a visita a parques naturais para efeitos terapêuticos se tornou uma prática popular chamada de "Shinrin-yoku", ou "banho de floresta".<br />No primeiro dia, algumas pessoas foram instruídas a caminhar por uma floresta ou área arborizada por algumas horas, enquanto outras caminharam pela cidade. No segundo dia, inverteram as atividades. Os cientistas descobriram que estar entre plantas produziu "menores concentrações de cortisol, menor frequência cardíaca e pressão arterial", entre outros aspectos.<br />Vários outros estudos mostraram que visitar parques e florestas parece aumentar os níveis de leucócitos. Num estudo de 2007, homens que fizeram caminhadas de duas horas numa floresta por dois dias tiveram um aumento de 50% nos níveis de linfócitos. Outro estudo descobriu um aumento nos leucócitos, que durou uma semana, em mulheres expostas a phytoncides do ar da floresta.<br />Segundo estudos, a exposição ao verde parece beneficiar a saúde.<br /><br /><br />The New York Times<br /></span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-42522185157448686612010-07-19T12:01:00.000-03:002010-07-19T12:02:35.623-03:00<span style="font-family:arial;color:#990000;">JARDIM SECRETO<br /></span><br /><span style="font-family:arial;color:#990000;">Todos temos um jardim secreto.<br />Uns são bem cuidados,<br />outros abandonados,<br />outros intocados.<br />Mas ele está lá,<br />em uma dimensão pessoal,<br />espaço aberto e místico,<br />lugar de cultivo,<br />templo de meditação;<br />onde o jardineiro ganha asas<br />e, se entrega por inteiro,<br />tem, em bom tempo,<br />bonitos canteiros<br />pra seu deleite e contemplação,<br />garantindo sustento<br />e oportunidades de doa'~ao.<br />Há mil formas de o fazer,<br />e todas conduzem à satisfação.<br />Em busca de harmonia<br />o céu é o que nos guia<br />e, chegada a hora,<br />erguem-se os Portais,<br />cada um com seus adornos,<br />cada qual com seus instrumentos,<br />para cada um seu próprio ritual.<br />Chegada a hora,<br />ergue-se ao Norte o Portal do Guerreiro;<br />todo azul, ladeado de ipês,<br />caneleiras e quaresmeiras;<br />nele o ar é brisa constante;<br />dele pende um chocalho,<br />que se agita na dança<br />e orienta à ação correta.<br />Chegada a hora,<br />ergue-se ao Sul o Portal do Amante;<br />todo verde, ladeado de cedros,<br />paineiras e salgueiros;<br />nele a terra se faz presente<br />e, diante dele, um grande tambor<br />compassa a vida no ritmo do coração,<br />nos mantendo atentos<br />contando histórias.<br />Chegada a hora,<br />ergue-se a Leste o Portal do Visionário,<br />todo vermelho, ladeado de coqueiros<br />seringueiras e carvalhos;<br />dele pende um sino<br />e traz no fogo da verdade<br />a mais impoluta iluminação.<br />Chegada a hora,<br />ergue-se a Oeste o Portal do Sábio;<br />todo preto, é introspecção;<br />por ele flui um rio d'agua cristalina,<br />que alimenta a romãzeira,<br />o manacá e a amoreira;<br />ornado de varetas e ossos,<br />revela no silêncio o ritmo adequado<br />da paciência e da perseverança.<br />Bem no centro<br />faz-se a roda do silêncio;<br />lugar de onde tudo contemplamos,<br />de tudo nos distanciamos,<br />e, em profunda oração,<br />com tudo nos harmonizamos,<br />com tudo aprendemos;<br />lógica e razão,<br />sentimento e emoção,<br />prazeres e afazeres,<br />gostos e desgostos.....<br />E, se assim crescemos,<br />de fato , nos fazendo melhores,<br />mais puros e verdadeiros,<br />nos fazemos, entào, sábios,<br />visionários , amorosos e guerreiros.<br />O Visionário Sonha,<br />o Sábio indica o Caminho,<br />o Guerreiro define a Estratégia<br />e o Amante se pões a Caminhar.<br />Queres saber do teu jardim secreto?<br />Olha o de tua casa.<br />Entre eles existem portais de comunicação;<br />são, um do outro, representação?<br />Há casas em que o entorno<br />é só concreto, desolação e deserto.<br />Pobres seres!<br />Há jardins bem cuidados,<br />há outros abandonados,<br />outros desordenados<br />e há outros ainda intocados.<br />Mas o Jardim Secreto está lá,<br />à espera de seu Jardineiro.<br />Neste Jardim,<br />somos todo contemplação<br />de forças etéreas,<br />de luzes em mil matizes<br />e melodias graciosas<br />de encantados violinos,<br />que vibram suas cordas em acordes<br />que ecoam em nossas almas,<br />sondam e revelam quem somos<br />e quem podemos ser.<br />Neste Jardim,<br />a vida é o próprio canteiro,<br />as sementes, os sentimentos dela,<br />e quem se vê desabrochar<br />é o próprio Jardineiro,<br />que com ele sonha,<br />por ele vive, trabalha e zela.<br /><br />João Marino Vieira </span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5181593949631611562.post-40139725629205525952010-07-19T11:41:00.000-03:002010-07-19T11:42:37.298-03:00<span style="font-family:arial;color:#cc0000;">Solidão contente<br /><br />O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas<br />Ivan Martins, editor-executivo de ÉPOCA<br /><br />Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.<br /><br />Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.<br /><br />Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.<br /><br />Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.<br /><br />“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.<br /><br />Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.<br /><br /><br />Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.<br /><br />Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.<br /><br />A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.<br /><br />A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.<br /><br />Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?<br /><br />A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.<br /><br />Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.<br /><br />Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.<br /><br />Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.<br /><br />Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.<br /><br />Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.<br /></span>Caminhos do Femininohttp://www.blogger.com/profile/03346152452812120741noreply@blogger.com0