"Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te" ... "Na verdade, somos uma só alma, tu e eu, Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti, Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo. Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu..."
(Rumi)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Pesquisadores: exposição a plantas pode aumentar imunidade
12 de julho de 2010 • 09h14
No verão, alergias e a promessa do ar condicionado tendem a levar as pessoas a lugares fechados. Mas para aqueles que conseguem suportar o calor e o pólen, passar mais tempo junto à natureza pode ter alguns efeitos surpreendentes à saúde.
Numa série de estudos, cientistas descobriram que, quando as pessoas trocam suas "prisões" de concreto por algumas horas em ambientes naturais - florestas, parques e outros locais com muitas árvores -, elas apresentam um aumento na função imunológica.
A redução do stress é um fator. Mas os cientistas também associam isso a phytoncides, químicos transportados pelo ar emitidos pelas plantas para protegê-las de apodrecer e dos insetos, e que aparentemente também beneficiam os humanos.
Um estudo publicado em janeiro incluiu dados sobre 280 pessoas saudáveis no Japão, onde a visita a parques naturais para efeitos terapêuticos se tornou uma prática popular chamada de "Shinrin-yoku", ou "banho de floresta".
No primeiro dia, algumas pessoas foram instruídas a caminhar por uma floresta ou área arborizada por algumas horas, enquanto outras caminharam pela cidade. No segundo dia, inverteram as atividades. Os cientistas descobriram que estar entre plantas produziu "menores concentrações de cortisol, menor frequência cardíaca e pressão arterial", entre outros aspectos.
Vários outros estudos mostraram que visitar parques e florestas parece aumentar os níveis de leucócitos. Num estudo de 2007, homens que fizeram caminhadas de duas horas numa floresta por dois dias tiveram um aumento de 50% nos níveis de linfócitos. Outro estudo descobriu um aumento nos leucócitos, que durou uma semana, em mulheres expostas a phytoncides do ar da floresta.
Segundo estudos, a exposição ao verde parece beneficiar a saúde.
The New York Times
12 de julho de 2010 • 09h14
No verão, alergias e a promessa do ar condicionado tendem a levar as pessoas a lugares fechados. Mas para aqueles que conseguem suportar o calor e o pólen, passar mais tempo junto à natureza pode ter alguns efeitos surpreendentes à saúde.
Numa série de estudos, cientistas descobriram que, quando as pessoas trocam suas "prisões" de concreto por algumas horas em ambientes naturais - florestas, parques e outros locais com muitas árvores -, elas apresentam um aumento na função imunológica.
A redução do stress é um fator. Mas os cientistas também associam isso a phytoncides, químicos transportados pelo ar emitidos pelas plantas para protegê-las de apodrecer e dos insetos, e que aparentemente também beneficiam os humanos.
Um estudo publicado em janeiro incluiu dados sobre 280 pessoas saudáveis no Japão, onde a visita a parques naturais para efeitos terapêuticos se tornou uma prática popular chamada de "Shinrin-yoku", ou "banho de floresta".
No primeiro dia, algumas pessoas foram instruídas a caminhar por uma floresta ou área arborizada por algumas horas, enquanto outras caminharam pela cidade. No segundo dia, inverteram as atividades. Os cientistas descobriram que estar entre plantas produziu "menores concentrações de cortisol, menor frequência cardíaca e pressão arterial", entre outros aspectos.
Vários outros estudos mostraram que visitar parques e florestas parece aumentar os níveis de leucócitos. Num estudo de 2007, homens que fizeram caminhadas de duas horas numa floresta por dois dias tiveram um aumento de 50% nos níveis de linfócitos. Outro estudo descobriu um aumento nos leucócitos, que durou uma semana, em mulheres expostas a phytoncides do ar da floresta.
Segundo estudos, a exposição ao verde parece beneficiar a saúde.
The New York Times
JARDIM SECRETO
Todos temos um jardim secreto.
Uns são bem cuidados,
outros abandonados,
outros intocados.
Mas ele está lá,
em uma dimensão pessoal,
espaço aberto e místico,
lugar de cultivo,
templo de meditação;
onde o jardineiro ganha asas
e, se entrega por inteiro,
tem, em bom tempo,
bonitos canteiros
pra seu deleite e contemplação,
garantindo sustento
e oportunidades de doa'~ao.
Há mil formas de o fazer,
e todas conduzem à satisfação.
Em busca de harmonia
o céu é o que nos guia
e, chegada a hora,
erguem-se os Portais,
cada um com seus adornos,
cada qual com seus instrumentos,
para cada um seu próprio ritual.
Chegada a hora,
ergue-se ao Norte o Portal do Guerreiro;
todo azul, ladeado de ipês,
caneleiras e quaresmeiras;
nele o ar é brisa constante;
dele pende um chocalho,
que se agita na dança
e orienta à ação correta.
Chegada a hora,
ergue-se ao Sul o Portal do Amante;
todo verde, ladeado de cedros,
paineiras e salgueiros;
nele a terra se faz presente
e, diante dele, um grande tambor
compassa a vida no ritmo do coração,
nos mantendo atentos
contando histórias.
Chegada a hora,
ergue-se a Leste o Portal do Visionário,
todo vermelho, ladeado de coqueiros
seringueiras e carvalhos;
dele pende um sino
e traz no fogo da verdade
a mais impoluta iluminação.
Chegada a hora,
ergue-se a Oeste o Portal do Sábio;
todo preto, é introspecção;
por ele flui um rio d'agua cristalina,
que alimenta a romãzeira,
o manacá e a amoreira;
ornado de varetas e ossos,
revela no silêncio o ritmo adequado
da paciência e da perseverança.
Bem no centro
faz-se a roda do silêncio;
lugar de onde tudo contemplamos,
de tudo nos distanciamos,
e, em profunda oração,
com tudo nos harmonizamos,
com tudo aprendemos;
lógica e razão,
sentimento e emoção,
prazeres e afazeres,
gostos e desgostos.....
E, se assim crescemos,
de fato , nos fazendo melhores,
mais puros e verdadeiros,
nos fazemos, entào, sábios,
visionários , amorosos e guerreiros.
O Visionário Sonha,
o Sábio indica o Caminho,
o Guerreiro define a Estratégia
e o Amante se pões a Caminhar.
Queres saber do teu jardim secreto?
Olha o de tua casa.
Entre eles existem portais de comunicação;
são, um do outro, representação?
Há casas em que o entorno
é só concreto, desolação e deserto.
Pobres seres!
Há jardins bem cuidados,
há outros abandonados,
outros desordenados
e há outros ainda intocados.
Mas o Jardim Secreto está lá,
à espera de seu Jardineiro.
Neste Jardim,
somos todo contemplação
de forças etéreas,
de luzes em mil matizes
e melodias graciosas
de encantados violinos,
que vibram suas cordas em acordes
que ecoam em nossas almas,
sondam e revelam quem somos
e quem podemos ser.
Neste Jardim,
a vida é o próprio canteiro,
as sementes, os sentimentos dela,
e quem se vê desabrochar
é o próprio Jardineiro,
que com ele sonha,
por ele vive, trabalha e zela.
João Marino Vieira
Todos temos um jardim secreto.
Uns são bem cuidados,
outros abandonados,
outros intocados.
Mas ele está lá,
em uma dimensão pessoal,
espaço aberto e místico,
lugar de cultivo,
templo de meditação;
onde o jardineiro ganha asas
e, se entrega por inteiro,
tem, em bom tempo,
bonitos canteiros
pra seu deleite e contemplação,
garantindo sustento
e oportunidades de doa'~ao.
Há mil formas de o fazer,
e todas conduzem à satisfação.
Em busca de harmonia
o céu é o que nos guia
e, chegada a hora,
erguem-se os Portais,
cada um com seus adornos,
cada qual com seus instrumentos,
para cada um seu próprio ritual.
Chegada a hora,
ergue-se ao Norte o Portal do Guerreiro;
todo azul, ladeado de ipês,
caneleiras e quaresmeiras;
nele o ar é brisa constante;
dele pende um chocalho,
que se agita na dança
e orienta à ação correta.
Chegada a hora,
ergue-se ao Sul o Portal do Amante;
todo verde, ladeado de cedros,
paineiras e salgueiros;
nele a terra se faz presente
e, diante dele, um grande tambor
compassa a vida no ritmo do coração,
nos mantendo atentos
contando histórias.
Chegada a hora,
ergue-se a Leste o Portal do Visionário,
todo vermelho, ladeado de coqueiros
seringueiras e carvalhos;
dele pende um sino
e traz no fogo da verdade
a mais impoluta iluminação.
Chegada a hora,
ergue-se a Oeste o Portal do Sábio;
todo preto, é introspecção;
por ele flui um rio d'agua cristalina,
que alimenta a romãzeira,
o manacá e a amoreira;
ornado de varetas e ossos,
revela no silêncio o ritmo adequado
da paciência e da perseverança.
Bem no centro
faz-se a roda do silêncio;
lugar de onde tudo contemplamos,
de tudo nos distanciamos,
e, em profunda oração,
com tudo nos harmonizamos,
com tudo aprendemos;
lógica e razão,
sentimento e emoção,
prazeres e afazeres,
gostos e desgostos.....
E, se assim crescemos,
de fato , nos fazendo melhores,
mais puros e verdadeiros,
nos fazemos, entào, sábios,
visionários , amorosos e guerreiros.
O Visionário Sonha,
o Sábio indica o Caminho,
o Guerreiro define a Estratégia
e o Amante se pões a Caminhar.
Queres saber do teu jardim secreto?
Olha o de tua casa.
Entre eles existem portais de comunicação;
são, um do outro, representação?
Há casas em que o entorno
é só concreto, desolação e deserto.
Pobres seres!
Há jardins bem cuidados,
há outros abandonados,
outros desordenados
e há outros ainda intocados.
Mas o Jardim Secreto está lá,
à espera de seu Jardineiro.
Neste Jardim,
somos todo contemplação
de forças etéreas,
de luzes em mil matizes
e melodias graciosas
de encantados violinos,
que vibram suas cordas em acordes
que ecoam em nossas almas,
sondam e revelam quem somos
e quem podemos ser.
Neste Jardim,
a vida é o próprio canteiro,
as sementes, os sentimentos dela,
e quem se vê desabrochar
é o próprio Jardineiro,
que com ele sonha,
por ele vive, trabalha e zela.
João Marino Vieira
Solidão contente
O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas
Ivan Martins, editor-executivo de ÉPOCA
Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.
Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.
Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.
Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.
A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.
A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?
A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.
Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.
Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.
Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.
Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.
Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.
O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas
Ivan Martins, editor-executivo de ÉPOCA
Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.
Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.
Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.
Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.
A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.
A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?
A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.
Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.
Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.
Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.
Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.
Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.
Assinar:
Postagens (Atom)