segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A ARTE DE MENSTRUAR

Monika vom Koss

O que define uma mulher? Muitas respostas poderiam ser dadas a esta pergunta, mas o que caracteristicamente a define é o fato de que mulher menstrua. E em sua condição plena, ela menstrua regularmente, expressão redundante, pois a palavra menstruação, que significa, literalmente, ‘mudança de lua’, tem como sílaba-raiz mens, mensis, a medida, origem da contagem do tempo, i.é., da regularidade.

A sílaba latina mens forma palavras como medida, dimensão metro, mente, para citar algumas. No sânscrito, a sílaba original era ma, de mãe, mana. Na Suméria, os princípios organizadores do mundo, atributos da deusa Inana, eram os me, sílaba contida no nome de muitas deusas, como Medéia, Medusa, Nêmesis e Deméter.

Para as mulheres da Idade da Pedra, o sangue menstrual era sagrado. É provável que a palavra sacramento se origine de sacer mens, literalmente, menstruação sagrada. Um ritual exclusivamente feminino, conhecido pelos gregos como Thesmophoria, mas cuja origem se perde no tempo, era realizado anualmente no período da semeadura. As mulheres que tinham atingido a idade do sangramento se reuniam num campo sagrado, e ao primeiro sinal do fluxo menstrual, elas desciam por uma fenda para levar sua oferenda às Cobras, as grandes divindades primárias do mundo profundo, que representam o poder regenerador na terra, no campo e no corpo das mulheres. Ofereciam o melhor leitão da ninhada, cuja carne apodrecida junto ao sangue menstrual era misturada às sementes, que então eram enterradas no campo sagrado, para promover e propiciar uma colheita abundante.

Os antigos ritos de menstruação hindus estão relacionados com Vajravarahi, literalmente ‘Porca de Diamante’, a deusa que rege as divindades femininas iradas, que dançam o campo energético do ciclo menstrual. Ela é a dançante Dakini vermelha, filha da Deusa Primal do Oceano de Sangue, mais tarde denominado de Soma.

Representando o fluido da vida, o sangue menstrual sempre foi considerado tabu, palavra polinésia que significa ‘sagrado’ e que foi interpretada pelos antropólogos como sendo ‘proibido’. De fato, o sangue menstrual, como o poder de criar vida que conecta as mulheres com o próprio universo, era tabu, isto é, sagrado e portanto proibido àqueles que não menstruassem, como era o caso dos primeiros antropólogos homens.

No mais esotérico dos rituais tântricos, o Yoni Puja, os sucos liberados pela cópula eram misturados com vinho e partilhados pela congregação. O mais poderoso de todos os sucos era aquele obtido quando a yogini estava menstruando.

*Ao longo dos milênios, as mulheres têm desaprendido a arte de menstruar, de fluir com a vida. Nas sociedades tribais, a menarca, o início do fluir do sangue, era celebrada com um rito de passagem, auxiliando a menina a realizar sua entrada para o reino do mana: o poder sagrado transmitido pelo sangue e que tanto podia dar como tirar a vida. Além de apaziguar o poder destruidor, o rito tinha como função auxiliar a menina a entender sua condição física e sua relação com a função procriadora da natureza. Ainda uma criança em espírito e condição social, a partir de suas regras, a jovem deve assumir o comando de sua vida. Sem ritos de passagem, o que temos para oferecer às nossas meninas, que as ajude a transformar e assumir sua nova
identidade?*

*Ao longo do processo civilizatório, a menstruação foi sendo depreciada, relegada, virando tabu. O que era sagrado tornou-se proibido, sujo, contaminado. A regra passou a ser esconder a regra. O resultado disto foi que o evento central na vida de toda mulher madura tornou-se invisível.
Ironicamente, retorna à visibilidade para se tornar um negócio milionário, o dos absorventes ditos ‘higiênicos’, mas que continua a reforçar a idéia de que o sangue menstrual é ‘sujo’. O apelo maior da propaganda de absorventes é tornar a menstruação invisível. Promete que usar tal ou qual marca de absorvente possibilita à mulher levar a vida como se nada estivesse acontecendo em seu corpo. Descaracteriza-a como mulher, negando sua característica mais distintiva.*

*Devemos abolir os absorventes? É claro que não, pois não vivemos na Idade da Pedra. Mas talvez devêssemos nos espelhar no exemplo das índias andinas, que simplesmente se agacham e deixam seu sangue fluir para a terra.
Impossibilitadas de agir assim numa terra coberta de asfalto, podemos, contudo, transformar esta prática num ritual. É importante para as mulheres recuperarem o sentido sagrado do fato biológico central em suas vidas. Pois, ainda hoje, a maioria das mulheres ‘liberadas’ acredita que suas regras (aquilo que as rege) é uma inconveniência que, se possível, deveria ser eliminada. Se formos capazes de romper com esta crença, talvez possamos desvincular o feminino da idéia de fragilidade e instabilidade. A decantada imprevisibilidade feminina é, em grande parte, decorrente das oscilações a que a mulher está submetida, ao longo de seu ciclo mensal. É a expressão da imprevisibilidade da própria vida.*

*O ciclo hormonal feminino apresenta dois pontos culminantes: a ovulação e a menstruação. O polo branco da ovulação, chamado muitas vezes de rio da vida, é o polo ovariano, procriativo, momento do ciclo em que, biologicamente, a mulher se coloca plenamente a serviço da espécie. O polo vermelho da menstruação, também chamado de rio da morte, é o polo uterino, quando a mulher se volta para si mesma. Ou pelo menos deveria, pois a arte de menstruar, a habilidade de fluir com a vida, é o momento em que somos chamadas para dentro, a fim de curarmos a nós mesmas.*

*Desprezada e negligenciada, não é de estranhar que a menstruação revide. A TPM (Tensão entre Patriarcado e Menstruação) é a expressão do conflito que nós mulheres vivemos, entre voltarmo-nos para o acontecimento sagrado dentro de nós ou atender à demanda do mundo externo. O período menstrual nos torna mais sensíveis, captando os acontecimentos em torno de nós através de uma lente de aumento e reagimos de acordo. Se aprendermos a respeitar o movimento energético que acontece em nosso interior, poderemos usar esta sensibilidade de um modo mais significativo e reverter a depreciação a que o sangramento foi submetido, recuperando sua sacralidade.*

*Como mulheres modernas, inseridas num mundo que funciona de acordo com os valores masculinos, nem sempre podemos nos recolher na cabana de menstruação, como faziam nossas antecessoras, onde descansavam e partilhavam suas experiências. Mas podemos reduzir nossas atividades ao mínimo, deixando para outro momento algumas delas. Também podemos nos recolher para dentro de nós, enquanto executamos as atividades diárias que nos competem. Depois de cumpridas as tarefas, podemos nos retirar para um lugar tranqüilo e prestar atenção ao que acontece no nosso útero, observar as sensações e os sentimentos, os sonhos que emergem. O período menstrual é o momento em que podemos aprender mais a nosso respeito e curar nossas feridas. Assim reverenciada, a arte de menstruar pode ser recuperada, possibilitando uma vida mais plena e feliz como mulher.
*
Fontes: Caldeirão
Maria Madalena não era prostituta

(Publicado no Jornal de Opinião, 6 a 12/05/2002)

Frei Jacir de Freitas Faria

Quem era, de fato, Maria Madalena? A ligação errônea das passagens evangélicas que falam dela levou a identificá-la com a pecadora (prostituta?) que ungiu os pés de Jesus (Lc 7,36-50). E esse erro, infelizmente, virou verdade de fé. O inconsciente coletivo guardou na memória a figura de Maria Madalena como mito de pecadora redimida. Fato considerado normal nas sociedades patriarcais antigas. A mulher era identificada com o sexo e ocasião de pecado por excelência.

Daí não ser nenhuma novidade a pecadora de Lucas ser prostituta e a prostituta ser Maria Madalena. Lc 8,2 cita nominalmente Maria Madalena e diz que dela “haviam saído sete demônios”. Ter demônios, segundo o pensamento judaico, é o mesmo que ser acometido de uma doença grave. No cristianismo, o demônio foi associado ao pecado. No caso da mulher, o pecado era sempre o sexual.

Nesse sentido, a confusão parece lógica. Mas não o é, se levarmos em consideração o valor da liderança exercida por Maria Madalena entre os primeiros cristãos, bem como a predileção de Jesus por ela. Entre os discípulos judeus, considerar Maria Madalena como prostituta significava também subestimar o valor da mulher enquanto liderança. Os padres da Igreja seguiram essa linha de pensamento.

Num fragmento apócrifo encontramos os nomes das nove mulheres que vão ao sepulcro, na manhã de domingo. Salomé é chamada de a sedutora. Uma mulher é chamada de a pecadora, da qual Jesus tinha dito: “Teus pecados te são perdoados”. De Maria Madalena não se diz nada, o que nos mostra que Maria Madalena não é vista como prostituta pelas primeiras comunidades.

Maria Madalena, tida como prostituta está ligada a Maria, mãe de Jesus e virgem pura por excelência. “No plano dos arquétipos, a figura mítica da meretriz penitente é estritamente conexa com aquela da Virgem mãe, e constitui em certo sentido a outra vertente do mesmo mecanismo psicológico.

Virgindade e maternidade, antes de serem duas opções possíveis entre as inumeráveis escolhas essenciais, são símbolos arquetípicos que, absolutizados e referidos às mulheres como modelos de comportamento concreto, refletem uma visão da realidade exclusivamente machista.

Acabam sendo funcionais ao perpetuarem imóveis este modelo de realidade. Nesta perspectiva, a mulher não-virgem-não-mãe constitui o arquétipo feminino negativo por excelência: a Prostituta ou, em todo caso, a Tentadora. Além disso, tanto a Virgem Maria Toda Pura, quanto a Pecadora Penitente Toda Impura, apesar de opostas, são definidas exclusivamente com base no sexo e na feminilidade percebida como uma realidade ‘oposta’ (...).

Enquanto Maria de Nazaré é a Mãe assexuada, Maria de Mágdala se torna a mulher, a Outra. Num contexto religioso totalmente machista, a Outra deve ficar num estado de inferioridade, portanto ‘dominável’, por definição e por princípio” [1].

Tanto Maria Madalena como Maria, a mãe de Jesus, são personagens que marcaram o cristianismo. A diferença está em descobrir que nos apócrifos Maria Madalena não era a prostituta e Maria, a mãe, não deixou de ser mulher para ser a mãe do Salvador.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A ausência de amor é a causa na raiz de todos os problemas.
E a causa não está longe. Na verdade está dentro de cada indivíduo. É a condição individual interna que resulta na condição do coletivo. Cada empreitada na vida é apenas uma busca pelo amor. Assim como uma criança estava infeliz porque queria que alguém a amasse. Mais tarde a busca prosseguiu com os professores, o cônjuge, e depois com os filhos. A vida se tornou um grande processo de espera. Freqüentemente testamos nossos entes queridos pelo que chamamos de amor real e acabamos ficando insatisfeitos e com raiva.
Aquilo que as pessoas chamam de amor, é apenas pedir, desejar ardentemente e implorar por amor. Este pedido pelo amor, é o que pensamos ser o amor. A conseqüência é frustração, aborrecimento, e desespero.
Cada indivíduo tem um vazio no interior. Para preencher o vazio usamos as relações. As pessoas tem a necessidade constante de se sentirem amadas por isto tendem a serem possessivas nas suas relações. Quando o amor é posse há o medo da perda. A pessoa destrói a sua liberdade e a de todos. Um ato de medo é reivindicado como sendo amor! A verdade é que as pessoas não se amam, e uma relação é o meio de se amar. Eles tentam se preencher através das relações.
Todo amor tem que começar com o amor por si mesmo. Saiba que você só pode fazer aos outros o que faz por si mesmo. Ao contemplar sobre isso a pessoa descobre que o modo como se relaciona internamente consigo mesmo é a forma de se relacionar com os outros. Se um indivíduo se condena por cada pensamento, palavra ou ação, com certeza fará o mesmo com os outros.
Se a pessoa fica obcecada e perturbada pelas suas deficiências, ela certamente irá causar problemas aos outros a respeito de suas deficiências.
Quando a pessoa para de se preocupar consigo e se aceita como é, então ela se apaixona por si mesma. Ela fez as pazes no interior e portanto fez também com o mundo. Ela descobre que o amor é a essência do universo. É sua verdadeira natureza.


Sri Amma Bhagavan

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


“Eu aconselho minhas pacientes grávidas a evitar o bisfenol A ao máximo”
Em entrevista, Hugh Taylor, pesquisador obstetra da Universidade de Yale, fala sobre a grande incidência de câncer de mama e sua relação com a exposição ao BPA ainda no útero

O médico Hugh S. Taylor é professor de obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutivas e chefe do Departamento de Endocrinologia e Infertilidade da Escola de Medicina da Universidade de Yale. Também é diretor do Centro de Endometria e Endometriose da mesma universidade e foi o principal pesquisador em um estudo que identificou importante mecanismo acionado pela exposição ao BPA durante a gravidez que poderia induzir ao desenvolvimento de câncer de mama décadas depois do nascimento da criança.

Medscape: Você poderia descrever sua pesquisa sobre o risco do desenvolvimento de câncer em mulheres cujas mães foram expostas ao bisfenol A (BPA) durante a gravidez e nos dizer se a pesquisa é clinicamente significante?

Dr. Hugh Taylor: Nesta pesquisa utilizamos um modelo com ratos para observar qual o risco de desenvolver o câncer de mama depois de exposição uterina tanto ao dietilestilbestrol (DES) como ao bisfenol (BPA). Observamos mães que ingeriram um desses compostos estrogênicos durante a gravidez e depois determinamos que efeitos a ingestão teve nas filhas depois de adultas. A prole não foi exposta a esses agentes quando adultas. Elas só foram expostas durante a gravidez. Pesquisamos apenas o tecido mamário. Evidencias recentes demonstram que mulheres que foram expostas ao DES quando fetos começam a mostrar um elevado risco de desenvolvimento do câncer de mama quando chegam aos 40 anos. Essa droga foi utilizada na década de 50 e 60 para prevenir abortos e agora vemos que isso está levando a um maior risco de desenvolvimento de câncer de mama em suas filhas. Nossa intenção era descobrir o mecanismo por trás desse risco. Como pode a exposição ao estrogênio enquanto feto influenciar o risco de desenvolver câncer de mama meio século depois do consumo? Também queríamos determinar se o BPA tem o mesmo efeito.

Como você compara as diferenças entre o DES e o BPA em termos da potencialidade de seus efeitos?
HT: Bom, isso foi uma surpresa. O DES é um estrogênio muito potente e o BPA é um estrogênio fraco. Foi então surpreendente que os dois estrogênios tivessem o mesmo efeito em nossa pesquisa, o que nos fez especular que eles estariam afetando a expressão genética através de um outro mecanismo além do efeito no receptor estrogênico.

Em termos de importância clínica, você está muito preocupado com os resultados?
HT: Como eu já mencionei, nosso objetivo era entender esse mecanismo e não decidir qual dose é segura. A similaridade com o DES faz nossas descobertas muito relevantes. Em humanos está muito claro que mulheres expostas ao DES apresentam muitas complicações reprodutivas, incluindo úteros anormais e está se tornando aparente que há um aumento no risco de desenvolvimento de câncer de mama, especialmente depois de ficarem mais velhas. Nosso estudo mostrou que o BPA está fazendo exatamente a mesma coisa. Isso me preocupa. Ainda não está claramente definido o que exatamente uma mulher grávida deve fazer, mas eu diria que faz todo sentido se precaver. A maior parte das evidências disponíveis mostra que há um certo risco.

É possível estudar os efeitos do BPA em mulheres?
HT: Nunca teremos um estudo perfeito com mulheres. Primeiro porque em países desenvolvidos todas as mulheres estão expostas ao BPA, então você teria dificuldade em achar um grupo de controle sem exposição. E se você achasse esse grupo em um país em desenvolvimento você ainda não poderia fazer a comparação. Existem muitas outras diferenças, então é difícil atribuir um resultado somente ao BPA. Você também nunca daria a mulheres grávidas uma dose que pode ser perigosa. Não seria ético. De qualquer forma, temos correlações entre níveis de bisfenol na urina e doenças em humanos. Com estudos feitos com animais e essas correlações acho que faz sentido ser cuidadoso e não correr o risco de se expor ao BPA, especialmente durante a gravidez. A gravidez é o período mais vulnerável. Portanto, eu aconselho minhas pacientes grávidas a evitar o BPA o máximo possível.

Que dicas você dá para evitar o BPA?
HT: É quase impossível evitar o BPA completamente. Está presente em tantos produtos. Eu ainda tenho o que aprender em relação a isso, mas eu acho que uma exposição comum é através de garrafas de plástico.

Isso inclui recipientes para armazenar alimentos? Como identificar se o produto tem bisfenol A?
HT: Sim, o número de reciclagem no pequeno triângulo na parte inferior do produto é geralmente uma boa dica. Se tem o número 7 pode conter BPA.

Enlatados também são claramente uma importante fonte de BPA.
HT: Sim, quase todas as latas são revestidas interiormente com a resina epóxi que contem BPA. Essa resina evita que a lata vaze e que bactérias contaminem os alimentos, o que é uma boa coisa, mas o BPA migra da lata para o alimento. Faz sentido uma mulher grávida evitar comer ou beber enlatados, especialmente nos primeiros meses de gravidez. Isso inclui comer fora, porque muitos restaurantes utilizam produtos enlatados para preparar pratos. É uma boa ideia comer frutas e vegetais frescos e é claro que isso tem outras vantagens também.

O BPA está presente nas latas há muitas décadas. Isso não demonstra sua segurança?
HT: Mas também estamos vendo a incidência de câncer crescer, incluindo de câncer de mama nas últimas décadas. O quão o BPA é responsável por isso? Eu não sei.

Existem outros compostos estrogênicos preocupando as pessoas, então é claro que surge a pergunta sobre como eles se comportam juntos.
HT: Nós ainda não sabemos. É claro que estamos expostos a muitos químicos, e alguns funcionam como hormônios e sem dúvida interagem; mas até entendermos melhor como isso acontece acho que faz sentido tentar eliminar ou evitar aqueles que já sabemos ser perigosos. O BPA, por exemplo, já certamente demonstrou que leva a problemas no útero e nos seios.

Porque você acha que seu estudo gerou tanto interesse da mídia?
HT: Bom, eu acho que é a primeira vez que um mecanismo nos diz porque estamos observando uma maior incidência de câncer de mama. Essa pesquisa poderá ajudar a resolver o mistério de como uma breve exposição pode programar uma pessoa por toda a vida. Isso é uma novidade.

Você tem observado uma movimentação das pessoas para eliminar o BPA de produtos?
HT: Sim, por exemplo, a Califórnia e Connecticut já aprovaram leis para remover o BPA de brinquedos de crianças. A Nalgene já retirou o BPA de suas garrafas de água. O Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental (National Institute of Environmental Health Sciences - NIEHS) investiu muito em pesquisas sobre os efeitos do BPA. Na verdade, a mídia e o público em geral estão fazendo mais que todos para impactar esse assunto. O mercado está causando a maior parte dessas mudanças. A Nalgene retirou o BPA de suas garrafas não porque isso foi exigido por lei, mas porque as pessoas começaram a ler sobre esse assunto e passaram a comprar garrafas de aço inox. O Walmart* também está retirando produtos com BPA de suas prateleiras e isso também aconteceu porque consumidores pediram por essas mudanças. Forças do mercado impulsionadas por notícias e pesquisas sérias é que estão levando a essas mudanças e não regulamentações governamentais.

Notícia originalmente publicado no dia 27 de julho de 2010 no Medscape, site para profissionais da saúde dos Estados Unidos.
Autora: Carol Peckham. Reprodução autorizada.
Pesquisa foi publicada em maio de 2010 na revista Hormones and Cancer da Sociedade Americana de Endocrinologia. Department of Obstetrics, Gynecology, and Reproductive Sciences, Yale University School of Medicine, 333 Cedar Street, P. O. Box 208063, New Haven, CT 06520, USA.

*Somente em lojas dos Estados Unidos e Canadá
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele ou por sua origem, ou sua religião.

Para odiar as pessoas precisam aprender.

E se podem aprender a odiar, podem ser ensinados a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.

A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta."

( Nelson Mandela)
A lei não escrita
Rosiska Darcy de Oliveira
O GLOBO – 24 de julho de 2010


É possível que, nas sombras, uma mulher tenha sido estrangulada e jogada aos cães. Outra, à luz do dia, seria morta a pedradas não a tivesse salvo, in extremis, uma corrente global de defesa de direitos humanos. Por enquanto...

“Uma ‘piranha’ querendo extorquir o goleiro do Flamengo”, me explicou um chofer de táxi, indignado com a injustiça contra o acusado. A outra, adúltera, palavra maldita na boca de aiatolás escandalizados, no Irã do companheiro Ahmadinejad.

Fogo, pedras, bala nas costas ou rotweillers, aqui ou lá, são fins previsíveis das mulheres atiradas na vala das indecentes. No Irã, apoiada na religião e na tradição, a execução é legal. No Brasil, é clandestina e selvagem, apoiada na inoperância do Estado e na apatia da sociedade.

As delegacias de atendimento a mulher foram necessárias. Quem recorria a uma delegacia comum esbarrava no preconceito da própria polícia. Mereceu a surra que levou? Provocou com pérfida sedução o estupro que sofreu? Houve quem risse, cúmplice,quando o goleiro Bruno perguntou qual o homem que, na vida, nunca saiu na mão com uma mulher. Quem se associaria hoje, mesmo em um sorriso, a tão ilustre pensador?

A lei Maria da Penha exprime o repúdio de mulheres de todas as classes à barbárie de um mundo anômico e sombrio. Exigiram proteção do Estado e punição para agressores e assassinos, fossem eles maridos, amantes ou namorados eventuais. Supunha-se que a lei teria efeito punitivo e também dissuasório. Anos depois, o país registra a cifra estarrecedora de uma mulher assassinada a cada duas horas. Que sociedade de orangotangos é essa? Que democracia inconclusa é essa?

Paradoxo inexplicável, um país que se apresenta ao mundo como potência emergente, alardeando modernidade, com duas candidatas à presidência da república, é o mesmo que convive com o massacre das mulheres, nos aproximando do que há de mais anacrônico no mundo contemporâneo.

Eliza Samudio procurou uma delegacia, invocou uma lei e foi enviada a um juizado que, todos, existiam para protegê-la. Deixada ao desabrigo, foi morta. O sistema judiciário falhou tragicamente. A responsabilidade, cabe a ele mesmo apurar e punir. Não é a primeira vez que falha. O jornalista Pimenta Neves, assassino confesso que, pelas costas, executou a amante, condenado a dezenove anos de cadeia, está em liberdade, blindado por artimanhas jurídicas.

O cidadão Joseph K, no livro O Processo de Franz Kafka, é encarcerado por um crime cuja acusação não conhece. Pimenta, personagem kafkiano pelo avesso, foi libertado malgrado um crime que confessou.

Tão perigosa quanto a violência explícita do crime ou a inoperância da justiça é a violência surda dos olhares enviesados, dos “mas” ou “talvez” que desculpam a brutalidade, argumentando que a moça não era nenhuma santa. Crimes bárbaros encontram atenuante nos “pecados” sexuais atribuídos às mulheres. Só elas são ‘vagabundas’, resguardado aos homens o direito a fazer em matéria de sexo o que bem quiserem sem que isso interfira em outros aspectos de suas vidas ou reputação.

Don Juan e Casanova são os modelos mais acabados da virilidade bem sucedida. A literatura está cheia de exemplos de rapazes pobres que “sobem na vida”, casando-se com herdeiras e tudo se passa em um clima de esperteza consentida e incentivada. Não há masculino para piranha.

Políticos fazem orgias, jogadores de futebol também, condenadas são as mulheres que delas participam. Eles não, apenas exercem um direito ancestral - são folguedos, farras - onde usam seres humanos como coisas que desprezam. Não nos iludamos, a chamada mulher honesta também apanha se contraria um violento. O sentimento de poder não aceita desobediência .

A falha não está somente na justiça. A lei, por melhor que seja, não arranca as raízes de uma cultura perversa. Quem muda a cultura são os homens e mulheres que decidem recusar em suas vidas as relações de poder que deságuam nessa aberração. A sociedade não é uma abstração, é o dia a dia das pessoas, nos gestos de amor ou de ódio, no sexo que reconhece - ou não - qualquer mulher como um ser humano.

Assassinos de mulheres não são necessariamente psicopatas. São criminosos que acreditam no seu bom direito de matar e por isso não se arrependem. Mortas, suas vitimas continuam a ser culpadas.

Há países islâmicos em que as impuras são jogadas em um buraco e apedrejadas. Não seria essa a encenação perfeita, a atualidade e materialização de uma lei que, não escrita, ainda vigora, também entre nós, inconsciente ou inconfessa?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamos-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veêm rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão : "toca", se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te" ... "Na verdade, somos uma só alma, tu e eu, Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti, Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo. Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu..."
(Rumi)
Pesquisadores: exposição a plantas pode aumentar imunidade
12 de julho de 2010 • 09h14


No verão, alergias e a promessa do ar condicionado tendem a levar as pessoas a lugares fechados. Mas para aqueles que conseguem suportar o calor e o pólen, passar mais tempo junto à natureza pode ter alguns efeitos surpreendentes à saúde.
Numa série de estudos, cientistas descobriram que, quando as pessoas trocam suas "prisões" de concreto por algumas horas em ambientes naturais - florestas, parques e outros locais com muitas árvores -, elas apresentam um aumento na função imunológica.
A redução do stress é um fator. Mas os cientistas também associam isso a phytoncides, químicos transportados pelo ar emitidos pelas plantas para protegê-las de apodrecer e dos insetos, e que aparentemente também beneficiam os humanos.
Um estudo publicado em janeiro incluiu dados sobre 280 pessoas saudáveis no Japão, onde a visita a parques naturais para efeitos terapêuticos se tornou uma prática popular chamada de "Shinrin-yoku", ou "banho de floresta".
No primeiro dia, algumas pessoas foram instruídas a caminhar por uma floresta ou área arborizada por algumas horas, enquanto outras caminharam pela cidade. No segundo dia, inverteram as atividades. Os cientistas descobriram que estar entre plantas produziu "menores concentrações de cortisol, menor frequência cardíaca e pressão arterial", entre outros aspectos.
Vários outros estudos mostraram que visitar parques e florestas parece aumentar os níveis de leucócitos. Num estudo de 2007, homens que fizeram caminhadas de duas horas numa floresta por dois dias tiveram um aumento de 50% nos níveis de linfócitos. Outro estudo descobriu um aumento nos leucócitos, que durou uma semana, em mulheres expostas a phytoncides do ar da floresta.
Segundo estudos, a exposição ao verde parece beneficiar a saúde.


The New York Times
JARDIM SECRETO

Todos temos um jardim secreto.
Uns são bem cuidados,
outros abandonados,
outros intocados.
Mas ele está lá,
em uma dimensão pessoal,
espaço aberto e místico,
lugar de cultivo,
templo de meditação;
onde o jardineiro ganha asas
e, se entrega por inteiro,
tem, em bom tempo,
bonitos canteiros
pra seu deleite e contemplação,
garantindo sustento
e oportunidades de doa'~ao.
Há mil formas de o fazer,
e todas conduzem à satisfação.
Em busca de harmonia
o céu é o que nos guia
e, chegada a hora,
erguem-se os Portais,
cada um com seus adornos,
cada qual com seus instrumentos,
para cada um seu próprio ritual.
Chegada a hora,
ergue-se ao Norte o Portal do Guerreiro;
todo azul, ladeado de ipês,
caneleiras e quaresmeiras;
nele o ar é brisa constante;
dele pende um chocalho,
que se agita na dança
e orienta à ação correta.
Chegada a hora,
ergue-se ao Sul o Portal do Amante;
todo verde, ladeado de cedros,
paineiras e salgueiros;
nele a terra se faz presente
e, diante dele, um grande tambor
compassa a vida no ritmo do coração,
nos mantendo atentos
contando histórias.
Chegada a hora,
ergue-se a Leste o Portal do Visionário,
todo vermelho, ladeado de coqueiros
seringueiras e carvalhos;
dele pende um sino
e traz no fogo da verdade
a mais impoluta iluminação.
Chegada a hora,
ergue-se a Oeste o Portal do Sábio;
todo preto, é introspecção;
por ele flui um rio d'agua cristalina,
que alimenta a romãzeira,
o manacá e a amoreira;
ornado de varetas e ossos,
revela no silêncio o ritmo adequado
da paciência e da perseverança.
Bem no centro
faz-se a roda do silêncio;
lugar de onde tudo contemplamos,
de tudo nos distanciamos,
e, em profunda oração,
com tudo nos harmonizamos,
com tudo aprendemos;
lógica e razão,
sentimento e emoção,
prazeres e afazeres,
gostos e desgostos.....
E, se assim crescemos,
de fato , nos fazendo melhores,
mais puros e verdadeiros,
nos fazemos, entào, sábios,
visionários , amorosos e guerreiros.
O Visionário Sonha,
o Sábio indica o Caminho,
o Guerreiro define a Estratégia
e o Amante se pões a Caminhar.
Queres saber do teu jardim secreto?
Olha o de tua casa.
Entre eles existem portais de comunicação;
são, um do outro, representação?
Há casas em que o entorno
é só concreto, desolação e deserto.
Pobres seres!
Há jardins bem cuidados,
há outros abandonados,
outros desordenados
e há outros ainda intocados.
Mas o Jardim Secreto está lá,
à espera de seu Jardineiro.
Neste Jardim,
somos todo contemplação
de forças etéreas,
de luzes em mil matizes
e melodias graciosas
de encantados violinos,
que vibram suas cordas em acordes
que ecoam em nossas almas,
sondam e revelam quem somos
e quem podemos ser.
Neste Jardim,
a vida é o próprio canteiro,
as sementes, os sentimentos dela,
e quem se vê desabrochar
é o próprio Jardineiro,
que com ele sonha,
por ele vive, trabalha e zela.

João Marino Vieira
Solidão contente

O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas
Ivan Martins, editor-executivo de ÉPOCA

Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.


Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

sábado, 19 de junho de 2010

"Você Que veio das Estrelas"
[Título original de Wagner Borges]

Você, que veio das estrelas,
E deu o grande mergulho no mundo da matéria.
Você, que veio das estrelas e,
Com o sacrifício de sua própria origem cósmica,
Abrigou-se num invólucro de carne.
Você, que veio das estrelas,
E abandonou a Realidade universal,
Para habitar o mundo de ilusões...

Você, que veio das estrelas,
E agora se sente estranhamente só.
Esqueça-se de tudo e se entregue
Aos apelos de sua voz interior.
Ouça o que ela tem para lhe dizer,
Que nada mais é tão importante,
Nem mesmo os compromissos com que o mundo
Tenta distrair sua visão cósmica...

Descobrirá que, na verdade, não está só.
Muitos são os seus irmãos das estrelas,
Que para cá vieram estender a mão
E amparar com ombros fortes
Os passos da humanidade
Nesta difícil época de transição...

Será fácil reconhecê-los, as palavras não serão necessárias,
E nem mesmo será preciso saber seus verdadeiros nomes.
Saberá encontrá-los pela afinidade de suas energias,
O chamado de seus corações e profunda identificação
Com seus sentimentos.

Você, que veio das estrelas,
E sente agora no recanto mais íntimo de sua alma,
Que chegou o momento de encontrar, na Terra,
A sua Família Universal.
Que chegou o momento do reconhecimento.
O momento da reunião de todas as forças
Para a realização da missão única,
De que todos se incumbiram,
Antes de aqui chegarem.

Abra seu coração, acorde sua consciência adormecida.
Apalpe seu ser interior, deixe que ele fale acima de tudo;
Acima do mundo, acima de todos os conceitos,
Que não lhe permitem viver e existir
Com toda a sua potencialidade cósmica...

Você, que veio das estrelas,
Que é todo luz, e é todo força, libere-se!
Chegou o tempo de abrir as portas para uma nova era.
Você, que veio das estrelas,
Eterno viajante do Espaço,
Compartilhando agora com tantos outros irmãos
Uma experiência tridimensional, difícil.
Não se deixe mais perder em momentos inúteis
Que lhe trazem apenas solidão.
Não se deixe mais seduzir
Pelas falsas luzes do asfalto.

Assuma sua personalidade cósmica,
Estenda seus braços e, num único abraço,
Envolva sua grande família, sua imensa Família Universal.
E todos juntos, com plena consciência da Unidade de sua origem,
Cada qual com a sua parcela de colaboração, cumpram,
Com alegria e coragem, o maravilhoso Trabalho
De conscientização da humanidade
Para este novo milênio!
Muita Paz e Luz!
Escolinha: sim ou não?
de Naomi Aldort , autora de "Raising Our Children - Raising Ourselves"
“Educação é o que sobra depois que esquecemos tudo o que aprendemos na escola.” Albert Einstein

Pergunta: Nossa filha tem quatro anos, é uma criança muito curiosa e social. Embora nós planejemos “homeschooling” (ensinar em casa), e eu esteja em casa com o bebê (seu irmão), nós a matriculamos numa escolinha pequena, maravilhosa e alternativa, para que ela possa se socializar, e tenha oportunidade de aprender. Eles têm muito respeito, e proporcionam tempo livre para brincar e atividades em grupo. Depois de um pequeno período de ajuste no qual ela chorava quando eu saía, nossa filha se tornou confortável e feliz lá. Mas, depois do recesso de natal, ela se recusou a voltar, e se tornou um esforço todas as manhãs. Eu sei que ela se diverte depois de estar na escola, mas ela não quer me deixar. Eu não quero privá-la de uma oportunidade de socialização e aprendizado, mas, eu também quero escutar a sua escolha. O que você sugeriria?
Pergunte a Naomi
Paternidade sem luta e esforço
Resposta: O quê você lembra dos 4 anos de idade? Se você for como a maioria, você lembra quase nada.O que você lembra são sentimentos, sensações, faces, e fragmentos de visões. Nada do que você sabe hoje, depende do que você aprendeu nestes primeiros anos numa aula, ou escola. Em vez disto, depende de como você se sentia a respeito de si própria. O seu desejo de responder à escolha da sua filha, merece ser olhado com confiança. O que mais, pode ser mais valioso para ela, do que aprender que o jeito que ela sente em seu interior está correto? Da escola, a sua filha não vai lembrar do aprendizado ou das brincadeiras, mas, ela vai lembrar da dor da separação, e de aprender a não confiar no que ela sente em seu íntimo.Aprendendo a seguir orientações externas, e ignorar as suas próprias, ela será mais tarde suscetível à influencias da mídia, pressões de grupo e outras forças exteriores.
Você também diz que não quer que ela perca oportunidades de socialização e aprendizado. Como pode a socialização com membros da família que mais amam ela, ser chamado de “perder”alguma coisa? Quando com a sua mãe, ela não perde a escola. Quando na escola, ela “perde”, ou sente falta da mãe.
Do ponto de vista social, a pré-escola não é natural. Ao levar crianças pequenas para longe da sua fonte de poder (mãe) e colocá-las juntas, em um grupo de idades semelhantes (incapazes de ajudar uns aos outros), nós as deixamos impotentes. Neste cenário impossível e não-natural, elas perdem de se socializarem por si próprias, e dependem do controle de adultos para poderem funcionar e permanecerem em segurança. Tal experiência ensina a criança a ver a si própria como socialmente incapaz e dependente de autoridade.
A melhor experiência em grupo para uma criança pequena é a família. É um grupo que está fazendo coisas juntos, no qual cada membro é altamente valorizado e amado. Se você tivesse que trabalhar, eu falaria sobre incentivar a sua filha para encontrar alegria no seu cuidado substituto. Entretanto, sendo que você está em casa, não há necessidade de levar a sua filha pra longe do que é o melhor para ela.
Da mesma maneira, sua criança não perde nenhum aprendizado, enquanto está em casa. É enquanto está em uma escolinha, que ela tem que suspender o seu próprio aprendizado, em nome de um programa imposto. O ensino que não foi requisitado, frustra o aprendizado; ele geralmente destrói o amor por aprender, e impede a criança de inventar seus próprios métodos. Quando uma criança está inventando suas próprias maneiras de descobrir as coisas, o seu cérebro se expande bem mais do que seguindo o jeito de outros de pensarem, especialmente quando o ensino é imposto. Mesmo em pré-escolas mais progressivas, a criança ainda é jogada no plano de outro alguém, e é obrigada a abandonar seus próprios métodos. Em contraste, em casa, ela é livre para seguir os projetos da sua própria mente, para a otimística do tempo, métodos e assuntos de aprendizado.
As habilidades sociais, e de aprendizagem que a sua filha possui provém de ela se sentir segura em seu amor, e no seu próprio guia interior. Sentindo-se enraizada nela mesma, ela irá agir e aprender, não para competir ou buscar aprovação (dependência dolorosa), mas a perseguir suas próprias paixões autênticas. Amor incondicional significa não ter um futuro projetado para a sua criança. Ela deve seguir seu próprio caminho.
Uma criança que ouve suas vozes internas é confiante e tem clareza. Quando meu filho mais velho tinha seis anos, ele escolheu fazer um curso de artes em um programa escolar de verão para crianças. Depois de duas aulas, ele falou: “Eu não preciso mais ir para a aula. Eu posso pintar sozinho em casa sem o professor ficar me interrompendo". Como se revelou, o professor tinha a idéia de “quebrar” a aula em segmentos de 20 minutos. Meu filho, do qual a capacidade de concentração saiu ilesa da escola, queria continuar com uma atividade por duas horas inteiras ou mais.

A Criança “Integral”
Se um bebê nasce pré-maturo, a sua vida e bem-estar estão em risco. Prematuridade não é desejável. Integralidade é. Da mesma maneira, a família é o “útero” da infância. Crianças que permanecem no útero da família, sempre saem de forma integral, emocionalmente fortes, e prontas para desabrocharem na sociedade. A sua criança deve se apoiar no poder parental até que ela tenha o seu próprio; só assim ela tem a força para permanecer enraizada em si mesma, face à enxurrada de influencias e escolhas que ela vai encontrar.
A maioria dos estágios de crescimento acontece quando eles estão sozinhos bem de repente, como o nascimento, e como caminhar. A nossa tentativa de gradualmente treinar os pequenos para se tornarem adultos, causa para eles muito prejuízo, à medida que vai contra sua natureza. Eu geralmente vejo os jovens que foram “estufados” com educação desde uma idade pequena, se tornaram exaustos e sobrecarregados pela corrida para preencherem as expectativas. Eles se perderam no processo de se tornarem o sonho de outro alguém. Em contraste, eu vejo aqueles que tiveram autonomia durante os mesmos períodos, alcançarem seus objetivos com alegria e facilidade... geralmente, tudo de uma vez.

“Mas, ela se divertia tanto na escola...”
É fácil se enganar pela habilidade de uma criança de estar presente e de curtir o momento. Uma vez que esteja claro para sua filha, que ela deve permanecer na escola (nem mesmo suas lágrimas adiantaram), ela é sábia o suficiente para se imergir no presente. No entanto, por livre e espontânea vontade, nenhuma criança pequena escolheria ficar longe da mamãe; é o modo de a Natureza garantir um ótimo envolvimento intelectual e social.
Portanto, não importa o quanto uma criança se divirta numa escola, ou aula, não vale o preço de ensiná-la a ir contra ela mesma. Você não a treinou para dormir num berço contra a sua vontade; isto não é diferente. Siga a Direção dela.
Ainda mais, quando coagimos a criança a agir apesar de seus pedidos claros, ela aprende a fazer o mesmo, e ignorar ou recusar a atender quando você está pedindo também. As habilidades sociais dela são aprendidas pelo jeito como ela é tratada. Se você quer que ela aprenda a honrar outras pessoas (uma habilidade social importante), então honre ela.
Alguns pais estão certos que seu filho está totalmente feliz num cenário escolar desde o primeiro dia. Eu estou aberta. Eu não posso conhecer cada criança ou situação familiar em particular. E mais, eu suspeito que dada à opção, antes de ficar acostumada a uma escola, toda criança preferiria estar com sua mãe e família.

Provendo Educação e Estímulo em Casa
Nossa sociedade, geralmente, é por demais estimulante e competitiva, desviando as crianças de sua própria orientação interior. Proteja a sua filha de tais pressões. Tenha em mente as famosas palavra do Einstein, “A imaginação é mais importante que o conhecimento”. Deixe a sua filha brincar e sonhar acordada, para que ela possa descobrir seus próprios interesses, métodos de aprendizagem e pensamento criativo. Pode ser que ela precise de um amigo para brincar, preferencialmente uma criança bem mais velha. Em se tratando de exposição cultural e intelectual, insira sua filha no que você ama fazer e participe de seus interesses. Ela vai escolher o que mais a empolga e guiar você na sua trilha. Esta trilha será aquela que é a melhor para ela. Gênio é o resultado da harmonia entre os mundos interior e externos da criança. As suas necessidades aparecerão naturalmente, e você responderá com suas habilidades, ou descobrindo que livros e
a Natureza são tudo que ela precisa; Exponha a sua filha ao que você ama, e ao que ela demonstra interesse, e não imponha nenhum ensino.
Quanto mais tempo a sua filha for poupada de qualquer doutrina, maiores as chances de ela aperfeiçoar seus próprios talentos, habilidades sociais e aprendizagem. Por que se esforçar, quando o desenho da Natureza é tão incrivelmente perfeito? Quando as escolhas da sua criança forem honradas, ela aprenderá a única lição que conta: “Minha vóz interior é a que deve ser ouvida.”

Naomi Aldort é a autora de “Raising Our Children, Raising Ourselves”(Criando Nossos Filhos, Criando a Nós Mesmos). Suas colunas de aconselhamento são publicadas em revistas de paternidade no mundo inteiro. Aldort oferece orientação por telefone e aconselhamento por telefone/Skype internacionalmente, abrangendo todas as idades, de bebês a adolescentes: paternidade conectada; aprendizagem natural, relacionamentos de pai-e-filho pacíficos e poderosos.
www.authenticparent.com .

A história das coisas

Do livro de Jamie Sams,“Dançando o Sonho” :

Ensine-me a reunir os fragmentos de minha alma, resgatando meu potencial perdido.
Eu busco a unidade.

Permita-me encontrar o perdão e abraçar uma nova forma de ser,
abrindo mão da dor e da raiva contra todos que me feriram.

Permita-me curar meu corpo humano, o veículo sagrado da alma,
curando todas as desarmonias encontradas na Tigela de Cura.

Permita-me a coragem necessária para enfrentar inimigos interiores,
curando as minhas fraquezas e honrando a guerreira que ali está.

Permita-me honrar a promessa sagrada de ser leal à minha busca de totalidade,
sem nunca abandonar minhas Curas, nem o coração que bate em meu peito.
Os Gnósticos

:: Acid ::

"A gnose das correntes esotéricas possui dois traços bem característicos. Por um lado, abole a distinção entre fé e conhecimento (a fé não é mais necessária, a partir do momento em que se sabe); por outro, supostamente possui uma função soteriológica, isto é, contribui para a evolução individual daquele que a pratica. O termo gnose serve para designar tanto essa própria atitude espiritual e intelectual quanto os corpus de referência que a ilustram.
(Antoine Faivre)"

As palavras gnóstico e gnosticismo não são exatamente comuns no vocabulário dos nossos contemporâneos. De fato, há mais pessoas familiarizadas com o antônimo de gnóstico, isto é, "agnóstico"; literalmente, esse termo significa um desconhecedor ou ignorante, mas em sentido figurativo descreve uma pessoa sem fé religiosa, que não se ressente de ser chamada de ateísta. No entanto os gnósticos já existiam muito antes dos agnósticos, e, na maioria, parecem ter representado uma classe muito mais interessante que o último grupo. Em oposição aos não-conhecedores, eles se consideravam conhecedores - gnostikoi, em grego - denotando aqueles que possuem a gnose ou o conhecimento. Os gnósticos viveram, na maior parte, durante os três ou quatro primeiros séculos da Era Cristã. Em geral, provavelmente eles não teriam se autodenominado "gnósticos"; teriam se considerado cristãos, ou mais raramente judeus, ou ainda seguidores das tradições dos antigos cultos do Egito, da Babilônia, da Grécia e de Roma. Não eram sectários nem membros de uma nova religião específica, como queriam seus detratores, mas pessoas que compartilhavam entre si certa atitude perante a vida. Pode-se dizer que essa atitude consistia na convicção de que o conhecimento direto, pessoal e absoluto das verdades autênticas da existência é acessível aos seres humanos, e, mais ainda, que a obtenção de tal conhecimento deve sempre constituir a suprema realização da vida humana.

Esse conhecimento ou Gnose não era concebido como um saber racional de natureza científica, ou mesmo um saber filosófico da verdade, mas um conhecimento que brota no coração de forma misteriosa e intuitiva, sendo, portanto, chamado em pelo menos uma obra gnóstica (o Evangelho da Verdade) de Gnosis Kardias (o conhecimento do coração). Trata-se, é claro, de um conceito que é ao mesmo tempo religioso e altamente psicológico, pois o significado, o propósito da vida não aparece então nem como a fé - com sua ênfase na crença cega, e na também cega repressão - nem como as ações, com sua extrovertida orientação para as boas ações, mas sim como uma transformação e uma visão interior; em suma, um processo ligado à psicologia profunda.

Se passarmos a considerar os gnósticos como os primeiros profissionais da psicologia profunda, torna-se imediatamente aparente a razão pela qual a prática e o ensinamento gnóstico, de forma radical, diferia da prática e do ensinamento da ortodoxia cristã e judaica. O conhecimento do coração, em favor do qual os gnósticos se empenhavam, não podia ser adquirido por meio de uma barganha com Jeová, ou através de um tratado ou aliança que garantisse bem-estar espiritual e físico ao homem, em troca do cumprimento servil de um conjunto de regras. Da mesma forma, não se poderia obter a Gnose pela mera crença fervorosa de que a atitude de sacrifício de um homem divino na história pudesse aliviar a carga de culpa e frustração de nossos ombros e assegurar bem-aventurança perpétua, além dos limites da existência mortal. Os gnósticos não negaram o benefício do Torá nem a magnificência da figura de Cristo, o ungido do Deus supremo. Eles consideravam a Lei necessária a um certo tipo de personalidade, que precisa de regras para o que atualmente poderíamos chamar de "a formação e o fortalecimento do ego psicológico". Também não negaram a importância da missão do personagem misterioso que, em seu disfarce, era conhecido pelos homens como o rabino Joshua de Nazaré. A Lei e o Salvador, os dois mais reverenciados conceitos de judeus e cristãos tornam-se, para os gnósticos, apenas meios para um fim maior que esses mesmos conceitos. Eles configuravam incentivos e artifícios, de alguma forma capazes de conduzir ao conhecimento pessoal que, uma vez obtido, prescinde tanto da lei como da fé. Para eles, como para Carl Jung muitos séculos depois, a teologia e a ética constituíam apenas pontos de partida no caminho do autoconhecimento.

Dezessete ou dezoito séculos separam-nos dos gnósticos. Durante esse período, o gnosticismo tornou-se não apenas uma fé esquecida (como um de seus intérpretes, G. R. S. Mead, chamou-o), mas também uma fé e uma verdade reprimidas. Aparentemente, quase nenhum outro grupo foi temido e odiado de forma tão incansável e persistente, por quase dois milênios, quanto os infelizes gnósticos. Textos de teologia ainda se referem a eles como os primeiros e mais perniciosos de todos os hereges, e a era do ecumenismo não lhes parece ter estendido nenhum dos benefícios do amor cristão. Muito antes de Hitler, o imperador Constantino e seu cruel episcopado iniciaram a prática do genocídio religioso contra os gnósticos, sendo esses primeiros holocaustos seguidos por muitos outros no decorrer da história. A última grande perseguição terminou com o sacrifício de aproximadamente duzentos gnósticos em 1244, no castelo de Montségur, na França, um acontecimento que Laurence Durell descreveu como "as Termópilas da alma Gnóstica". Apesar disso, alguns proeminentes representantes das vítimas do último holocausto não consideraram a minoria religiosa mais perseguida da história como companheira de infortúnio, como indicam os ataques de Martin Buber a Jung e ao gnosticismo. Judeus e cristãos, católicos, protestantes e os ortodoxos orientais (e, no caso da Gnose Maniqueísta, até os zoroastristas, os muçulmanos e os budistas) odiaram e perseguiram os gnósticos com persistente determinação.

Por quê? Seria apenas porque seu antinomianismo ou sua desconsideração pela lei moral escandalizava os rabinos, ou porque suas dúvidas relativas à encarnação física de Jesus e sua reinterpretação da ressurreição enfurecia os sacerdotes? Seria porque eles rejeitavam o casamento e a procriação, como afirmam alguns de seus detratores? Eram eles detestados devido à licenciosidades e orgias, como alegam outros? Ou poderia ocorrer que os gnósticos realmente tivessem algum conhecimento, e que esse conhecimento os tornasse sumamente perigosos às instituições, tanto seculares como eclesiásticas?

Não é fácil responder a essa indagação; contudo, deve-se fazer uma tentativa. Poderíamos ensaiar uma resposta dizendo que os gnósticos diferiam da maior parte da humanidade, não apenas em detalhes de crença ou de preceitos éticos, porém em sua visão mais essencial e fundamental da existência e de seu propósito. Sua divergência era "radical" no sentido mais exato da palavra, por reportar-se à raiz (latim: radix) das atitudes e conjeturas da humanidade com respeito à vida. Independentemente de suas crenças filosóficas e religiosas, a maioria das pessoas acalenta certas suposições inconscientes, pertencentes à condição humana, que não originam das atividades convergentes de formulação da consciência, mas que irradiam de um profundo e inconsciente substrato da mente. Essa mente é regida pela biologia, e não pela psicologia; ela é automática, e não está sujeita a escolhas conscientes nem a percepções. A mais importante dessas suposições, a qual poder-se-ia dizer que sintetiza todas as outras, consiste na crença de que o mundo é bom e que o nosso envolvimento nele é de alguma forma desejável e fundamentalmente benéfico. Essa premissa conduz a inúmeras outras, todas mais ou menos caracterizadas pela submissão às condições externas e às leis que parecem governá-las. A despeito dos incontáveis acontecimentos incoerentes e maléficos em nossas vidas, dos incríveis fatos que se sucedem, dos desvios das reiteradas insanidades da história humana, tanto coletiva como individualmente, acreditaremos ser nossa incumbência prosseguir com o mundo, pois ele é, afinal, o mundo de Deus, devendo, portanto, haver significado e bondade ocultos em seus processos, mesmo que seja difícil discerni-los. Assim, devemos continuar no cumprimento de nosso papel dentro do sistema, da melhor maneira possível, sendo filhos obedientes, maridos zelosos, esposas respeitosas, bem-comportados açougueiros, padeiros, fabricantes de velas, esperando contra toda a esperança, que uma revelação do significado resulte, de algum modo, dessa vida de resignação sem sentido.

Não é assim, disseram os gnósticos. Dinheiro, poder, governo, constituição de famílias, pagamento de impostos, a infinita série de armadilhas das circunstâncias e obrigações - nada disso foi jamais rejeitado tão total e inequivocamente na história humana como pelos gnósticos. Estes nunca esperaram que alguma revolução política ou econômica pudesse ou devesse eliminar todos os elementos iníquos do sistema em que a alma humana encontra-se aprisionada. Sua rejeição não se referia a um governo ou sistema de propriedade em favor de outro; ao contrário, dizia respeito à total e predominante sistematização da vida e da experiência. Portanto, os gnósticos eram, na verdade, conhecedores de um segredo tão fatal e terrível que os governantes deste mundo - i.e., os poderes secular e religioso, que sempre lucraram com os sistemas estabelecidos da sociedade - não podiam permitir ver esse segredo conhecido, e muito menos tê-lo publicamente proclamado em seus domínios. De fato, os gnósticos sabiam algo: a vida humana não alcança a sua realização dentro das estruturas e instituições da sociedade, porque estas representam, na melhor das hipóteses, apenas obscuras projeções de outra realidade mais fundamental. Ninguém atinge sua verdadeira natureza individual sendo o que a sociedade espera nem fazendo o que ela deseja. Família, sociedade, igreja, ocupação e profissão, lealdade patriótica e política, bem como regras e normas morais e éticas, na realidade de modo algum conduzem ao verdadeiro bem-estar espiritual da alma humana. Ao contrário, constituem, com maior freqüência, as próprias algemas que nos alienam de nosso real destino espiritual.

Esse aspecto do gnosticismo foi considerado herético em épocas passadas e até hoje costuma ser chamado de "negação do mundo" e "anti-vida"; porém constitui, obviamente, nada mais que boa psicologia e boa teologia espiritual, por se tratar de bom senso. O político e o filósofo social podem considerar o mundo um problema a ser resolvido, mas o gnóstico, com seu discernimento psicológico, reconhece-o como uma condição da qual precisamos nos libertar pela visão interior. Isso porque os gnósticos, como os psicólogos, não buscam a transformação do mundo, mas a transformação da mente, com sua consequência natural - uma mudança de postura perante o mundo. A maior parte das religiões também tende a ratificar uma atitude familiar de interiorização na teoria; contudo, como resultado de sua presença dentro das instituições da sociedade, elas sempre negam isso na prática. As religiões costumam se iniciar como movimentos de libertação radical seguindo linhas espirituais mas, inevitavelmente, terminam como pilares das próprias sociedades, as carcereiras de nossas almas.

Se desejarmos obter a Gnose, o conhecimento do coração que liberta os seres humanos, devemos nos desvencilhar do falso cosmo criado pela nossa mente condicionada. A palavra grega Kosmos, bem como o vocábulo hebraico Olam, embora quase sempre mal traduzidos como Mundo, realmente designam mais o conceito de Sistemas. Quando os gnósticos diziam que o "sistema" à sua volta era mau e que precisaríamos sair dele para conhecer a verdade e descobrir o seu significado, comportavam-se não só como precursores de inúmeros alienados da sociedade - de São Francisco de Assis até os Beatniks e os Hippies - mas também exprimiam um fato psicológico desde então redescoberto pela moderna psicologia profunda: Jung reafirmou uma antiga percepção gnóstica ao dizer que o extrovertido ego humano deve, em primeiro lugar, tomar plena consciência de sua própria alienação do "Self Superior" antes de poder começar a retornar ao estado de união mais íntima com o inconsciente. Até nos conscientizarmos inteiramente da inadequação de nosso estado de extroversão e de sua insuficiência quanto às nossas necessidades espirituais mais profundas, não obteremos nenhum grau sequer de individuação, através da qual uma personalidade mais madura e ampla surge. O ego alienado é o precursor e uma pré-condição inevitável do ego individualizado.

Como Jung, os gnósticos não rejeitavam necessariamente a Terra per se, mas a reconheciam como uma tela sobre a qual o Demiurgo projeta seu sistema ilusório. Quando nos deparamos com uma condenação do mundo nos escritos gnósticos, o termo usado é fatalmente Kosmos ou Este eon, e nunca a palavra Ge (Terra), que consideravam neutra, se não totalmente satisfatória.

Era desse conhecimento - o conhecimento que se tem no próprio coração e a absoluta insuficiência das instituições e valores estabelecidos do mundo exterior - que os gnósticos valiam-se para construir tanto uma imagem de ser universal como um sistema de inferências coerentes a serem extraídas dessa imagem (Como era de esperar, eles o realizaram não tanto em termos de filosofia e teologia, mas em termos de mito, ritual e cultivo das qualidades imaginativas e mitopoéticas da alma). Como muitas outras pessoas inteligentes e sensíveis, antes e depois de sua época, eles se sentiram estrangeiros num país desconhecido, uma semente abandonada dos mundos distantes de luz infinita. Alguns, tal como a juventude alienada dos anos 60, retiraram-se para comunidades e eremitérios à margem da civilização. Outros, mais numerosos talvez, permaneceram em meio à vasta cultura metropolitana das grandes cidades, como Alexandria e Roma, aparentemente desempenhando seus papéis na sociedade, enquanto no íntimo serviam a um mestre diferente - no mundo, mas não do mundo. A maioria deles tinha instrução, cultura e riqueza; entretanto, continuavam conscientes do inegável fato de que todas essas realizações e tesouros perdem a cor perante a Gnose do coração, o conhecimento do que existe. Não surpreende que o mago de Küstnacht, que desde sua primeira infância buscou e encontrou a própria Gnose, tivesse afinidade com esse povo estranho e solitário, esses peregrinos da eternidade, prontos para voltar ao lar entre as estrelas.
O Poder da Escolha

Uma Prática Espiritual

Aqueles que se fazem de vítimas estão pouco dispostos assumir responsabilidade pelo que estão criando em suas vidas. Eles criam uma bagunça, pensando que não são responsáveis por isto, e esperam que outros resolvam a coisas para eles.
Uma vítima se sente impotente. Claro que ele não é realmente impotente. Ele poderia decidir, a qualquer hora, assumir a responsabilidade se investindo de sua própria autoridade. Mas ele finge que não pode fazer isso. E, freqüentemente, as pessoas acreditam nele. Elas acreditam na sua história e no seu choro. E depois de algum tempo, ele esquece que está fazendo o papel de vítima e começa a acreditar que realmente não tem qualquer escolha sobre a sua vida.
Este não seria um problema se outros o deixassem livre para ocupar-se de seus pensamentos ilusórios. Mas geralmente, ele atrai aliados - outras vítimas que reforçam juntas as mesmas ilusões - assim como atrai também seus “salvadores” - aqueles que precisam salvá-los do seu drama, alguém que tome decisões por ele, ou então que assuma uma falsa e imprópria responsabilidade pela vida deles.
Não apenas a promessa do salvador é sedutora para a vítima, mas também seu salvador se entrega como uma pessoa para ser o culpado, caso as coisas não funcionarem. Se o salvador não resolver o drama da vítima, isso agora se tornará a culpa do salvador. Nem é necessário dizer, isto de culpar os outros só fortifica a posição da vítima no papel dela.
Esta é a história geradora de abusos que está presente em todas as relações de co-dependência. Uma vítima atrai inevitavelmente um algoz/vitimizador ou um salvador/cuidador. Aquele que se recusa aceitar suas responsabilidades atrai outro, que não perde por esperar para assumir estas mesmas responsabilidades.
O problema é que os salvadores e os algozes têm uma atração compulsiva para controlar a vida dos outros. Qualquer responsabilidade que eles assumem implica em vínculos que aprisionam.
Vítima e algozes abrem mão do próprio poder. Às vezes é duro ver como o algoz faz isso. Mas a compulsão para cuidar ou para controlar outro ser humano nasce de uma insegurança profunda, de uma inabilidade para assumir a responsabilidade apropriada por si mesmo.
É por isso que as vítimas e seus algozes ou as vítimas e seus salvadores se atraem. Ambos estão se recusando a assumir a responsabilidade por si mesmos. Ambos são incapazes de fazer escolhas por si mesmos. Eles são co-dependentes. Cada um precisa do outro para decidir e cada um invariavelmente culpará o outro quando os problemas acontecerem, se multiplicando de forma intolerável.
Para se tornarem autênticos, cada um têm que retomar o próprio poder e voltar a decidir apenas por si mesmo.
Uma vontade livre é idêntica a uma habilidade para escolher. Ninguém pode ser autêntico se der o seu poder de escolha para outros, assim como também não podemos ser nós mesmos caso queiramos nos apossar do poder de escolha que é do outro. Cada pessoa tem que decidir ou escolher por si própria. Esta é uma verdade que desembaraça os nós da nossa encarnação. Qualquer tentativa para interferir com a escolha do outro é uma transgressão.
Pessoas que têm uma tendência para serem vítimas ou algozes ou cuidadores/salvadores, têm que aprender a apoiar em si mesmos e a fazerem as próprias escolhas. Para fazer isso, eles têm que se desembaraçar das relações de co-dependência onde são ignorados os limites dos territórios individuais e onde o poder e a responsabilidade é inapropriadamente entregue ou tomado de outros.


O que significa o auto-apôio?

O auto-apôio significa que a pessoa valoriza quem ela é e busca viver em harmonia com suas crenças centrais. Ela sabe como nutrir a si mesma, como estabelecer metas em sua vida e como orientar-se e mover-se em direção a elas. Ele encontra um trabalho apropriado, apóia a si mesmo financeiramente, cultiva suas amizades, constrói seus sistemas de apoio e aprende a viver de uma maneira prática no planeta Terra.
O auto-apôio significa que a pessoa não é mais dependente de seus pais ou de outra figura de autoridade para seu apoio. Ela não é mais controlada fisicamente por outros, nem financeiramente, nem emocionalmente, nem intelectualmente ou espiritualmente. Ela decide onde viver e como viver, decide em que acreditar, com quem quer estar e assim sucessivamente. Ela toma decisões por si mesma e assume a responsabilidade pelo que ela pensa, sente, diz e faz.
Tudo isso faz parte do processo de crescimento para tornar-se uma pessoa adulta. Um verdadeiro adulto não é dependente de outros nem é, inapropriadamente, influenciados por eles. Ele é independente e auto direcionado.
Claro que, ninguém cresce inteiramente antes de haver estado envolvido com outros intimamente. Muitos se casam e até mesmo tem filhos antes de saberem quem são. Quanto menos que eles sabem sobre eles mesmos, mais alta é a probabilidade deles traírem a si mesmos e os outros, com quem se relacionam.
Tomar o tempo necessário para saber quem você é tem seu valor. Assim é mais fácil viver em sua própria pele e ser honesto sobre quem você é na relação com os outros. Esta honestidade e clareza machuca menos os outros e a chance de abortar suas relações diminui.
Esta prática espiritual relaciona-se com o aprendizado em autorizar-se para sermos quem nós realmente somos. Diz respeito a dar-se a permissão para ser a pessoa única, autêntica que nós somos. Diz respeito a conectar com o nosso eu central, (core self) descobrindo e valorizando nossos talentos e ir fazendo aquelas escolhas que nos ajudarão a aprender e a crescer até a nossa plenitude como seres humanos.

Ser Autêntico e Auto Autorizado em Nossas Relações com os Outros

Relações maduras permitem a cada pessoa ser quem é. Isso não significa que haja nenhum momento de tensão, transgressão ou confusão sobre os limites de cada um. Todas as relações experimentam estes momentos. Mas, em geral, as pessoas em relações saudáveis, apreciam um ao outro como eles são, sem precisar consertar ou mudar um ao outro. Isso significa que eles são livres para se serem quem são e não têm que usar uma máscara ou adotar um papel incômodo para permanecerem na relação.
A pergunta "eu posso ser eu mesmo com você?" deve ser perguntada a respeito de toda relações que nós temos. Os amantes, os sócios, os amigos íntimos, deveriam estar perguntando isto um ao outro. As crianças deveriam estar perguntando isto aos pais delas.
Se a resposta para esta pergunta for "Não", nós precisamos saber por que. É porque a outra pessoa não nos permite sermos autênticos ou é porque nós não confiamos em nós mesmos suficientemente para nos revelar completamente? Ou será uma combinação da nossa falta de confiança, por um lado e a falta de aceitação por parte deles, pelo outro?
Geralmente, o grau em que nós confiamos em nós mesmos, em que falamos e agimos autenticamente, determinará o grau em que nós atraímos as pessoas que nos aceitam como nós somos. Quanto mais comprometidos com nós mesmos somos, mais tendemos a atrair outros que gostam de nós e nos respeitam como nos somos.
Paul Ferrini
(Traduzido do livro “ The Power of Love”)
Mulheres vestidas de branco (por Lélia Almeida)

Outro dia vi a Marília Gabriela entrevistando o Jô Soares. No meio da entrevista ele comentou sobre uma medalhinha que ela usava num cordão, no pescoço. Era de uma santa, não lembro qual. Falaram da santa, dos milagres e o Jô falou que a história da aparição das santas, que são todas uma espécie de desdobramento da Virgem Maria, e de tudo o que o mito mariano encerra, sempre se dá, na história do mundo, em momentos limites. De abuso. Ele explicou que quando a racionalidade atinge as raias da loucura ou quando o caos é muito grande há uma aparição da santa, em algum lugar, como se um princípio feminino viesse ordenar o caos novamente.

Há muitos anos atrás, só para lembrar aos mais jovens, um grupo de mães argentinas, desesperadas, começou a desfilar com lenços brancos na cabeça, na Praça de Mayo, em Buenos Aires. Bordados nos lenços brancos, o nome dos filhos desaparecidos, mortos, assassinados pela ditadura argentina. Foi o movimento iniciado por elas, entre outros fatores, que deu visibilidade ao mundo sobre o que acontecia na América Latina naquele momento.

O filme do Juan José Campanella, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro este ano, El secreto de tus ojos, tem como pano de fundo uma história que os argentinos, assim como os alemães e outros, a cada geração, têm que revisitar, num movimento de lavar a roupa suja, e que parece ter um significado muito simples: com os mortos não se brinca. Eles voltam. Eles precisam ser enterrados com dignidade. Eles clamam por justiça, a que for.

As Mães da Praça de Mayo me lembram Antígona, que desafiou as leis dos homens para enterrar os seus mortos. E elas me lembram as mães de Angola, as Mulheres da Paz do Nepal, as de La Ruta, as de Guernica, as mexicanas de Tlatelolco, as Mães do Rio, as do Espírito Santo, as mães de Acari, as de Vigário Geral, e as Mulheres da Paz. Porque quando vemos mulheres de branco lutando por paz e denunciando que os seus filhos foram mortos, gritando por justiça, temos um entendimento imediato do fenômeno. Estamos no registro de um arquétipo, de uma forma de conhecer e de saber que ultrapassa qualquer racionalidade. Estamos no território do mito, do símbolo, e uma verdade então nos é revelada. Uma convicção: isto não pode ser. Isto não.

As mães de Luziânia têm vindo sistematicamente a Brasília para participar de audiências no Senado, na Câmara, clamam por uma justiça que não virá, e pedem, intimamente, ao Estado o que ele não tem como lhes devolver: elas querem os seus filhos de volta. Meninos pobres, negros e pardos que vivem nas regiões metropolitanas mais pobres do país e que morrem abatidos como bichos. Nesta noite, me persigno junto com todas as mães do mundo, e oro. Mas ninguém nos ouve. E somente nós, as mães do mundo, ouvimos um poderoso murmúrio subterrâneo que nos desperta e nos irmana.


http://www.sul21.com.br/index.php/colunistas/Llia-Almeida/446

sábado, 12 de junho de 2010

*RELATORIO DA ENERGIA PARA JUNHO DE 2010*

Astrologicamente, os próximos dois anos serão explosivos e os alinhamentos planetários se intensificarão, especialmente nos próximos três meses. Nosso mundo precisa de uma explosão de consciência centrada no coração, que será realizada através dos próximos alinhamentos planetários. Estas energias explosivas e intensas criadas pelo alinhamento dos planetas podem ser atenuadas somente se estivermos dispostos a utilizar a energia para nos curarmos e nos transformarmos.

Nosso mundo está sob extrema pressão para mudar e se transformar e isto está se manifestando através de muitas crises ambientais, financeiras e culturais que estão ocorrendo agora. É mais importante do que nunca que não nos agarremos com medo às velhas estruturas, padrões e hábitos. É essencial que encontremos a necessária coragem e humildade que nos permita avançar e criar uma nova realidade baseada no amor e na compaixão.

A energia dos próximos três meses será intensa, dinâmica e desafiadora e nos influenciará e desafiará pelos próximos três anos. Durante este tempo nós seremos obrigados a tomar medidas quanto ao potencial que está surgindo agora e trazer os nossos sonhos à realidade. Nos próximos anos, os Corpos Celestes estarão nos trazendo a luz (informação) necessária para que possamos mudar, despertar e mudar a consciência humana.

Junho marcará o início de um período de três anos, muito ativo, no qual a consciência se transformará e mudará a um ritmo acelerado. A energia do período de três semanas, a partir de 8 de Junho de 2010 até o final do mês, colocará a Terra sob enorme pressão. Haverá uma súbita afluência de energia ascendente, que levará à criação de um novo Céu e uma nova Terra.

*A Lua Nova, em 12 de Junho*, é uma oportunidade maravilhosa para seguir o seu coração e se aceitar e compreender plenamente. Para despertar a sua luz interior e seguir esta luz para o seu futuro. Pode ser um período extremamente emocional e é importante encontrar meios de liberação, através de opções naturais e saudáveis. Isto lhes permitirá avançar com êxito, sentindo-se revitalizados e re-energizados.

*O Solstício de Inverno*/Verão no dia 21 de Junho é marcado pela entrada do Sol no signo astrológico de Câncer. Os Solstícios, juntamente com os equinócios, representam quatro dos mais poderosos períodos do ano e em épocas antigas eram considerados como mantendo uma poderosa energia de cura.
Esta energia era utilizada para trazer a cura profunda e o despertar à comunidade. Ao celebrarem na cerimônia o poder do Solstício, é lhes dada uma oportunidade de aproveitar a energia, e assim, realizar uma cura profunda para si mesmo, para as suas comunidades e para o mundo.

*Os Eclipses da Lua Cheia*, logo após o Solstício e o alinhamento de uma Grande Cruz ocorrem. Este é um eclipse poderosamente importante e assinala que pode ser o período mais dramático de todo o ano. A Lua Cheia cai no meio da régua T de 2010, transformando-a em uma Grande Cruz. Este gatilho cósmico pode ser um ponto decisivo onde a energia do coração é poderosamente ativada, ajudando-os na lembrança de sua verdadeira e essencial natureza.

Desde Outubro de 2008, os planetas em nosso sistema solar passaram por um movimento de desaceleração para criar um raro e extraordinário padrão planetário, chamado de Grande Cruz. Uma Grande Cruz é um evento Galáctico recorrente, onde os corpos celestes ao redor do nosso planeta estabelecem uma cruz. Esta Grande Cruz se modela sobre os ângulos que marcam as quatro direções fixas e se alinha com o eixo Galáctico. A Grande Crua é criada quatro vezes em um Grande Ano a cada 6000 – 6.500 anos. Os dois momentos em que o Eixo Galáctico se alinha com o eixo do Solstício, que ocorre neste mês, são os mais transformadores.

Esta Grande Cruz é um sinal muito positivo, pois representa o nascimento de um novo Espírito e uma restauração de nossas energias. A minha convicção é que a Grande Cruz de Junho de 2010 tenha uma ligação direta com a Grande Cruz de 1999. Para obterem mais informações sobre esta Grande Cruz, por favor, leiam “O Ciclo da Conclusão” – http://www.spiritpathways.co.za/Cyclecomplete.html.

Muito aconteceu desde 1999 e a mudança na consciência foi surpreendente. A energia esteve preparando o caminho para que vocês abrissem o seu coração e mente ao seu Ser Espiritual e incorporassem isto em sua vida diária. A energia Feminina foi ativada, recuperando uma atitude cíclica em relação à natureza. Quando as mulheres do mundo assumirem o seu legítimo espaço como líderes sábias, curadoras e configuradoras do equilíbrio da sociedade, o equilíbrio será restaurado em nosso mundo.

*Com a configuração dos corpos planetários dentro da Grande Cruz, as energias conflitantes serão trazidas a nossa consciência, motivando-nos a mudar e crescer. Um momento intenso de mudanças dramáticas em todo o mundo será criado trazendo escolhas difíceis, términos e novos inícios. Vocês serão ajudados a descartar o que é obsoleto, na cura e no alinhamento com o seu propósito de vida. Recebam-no, permitam-no e continuem a abrir o seu
coração.*

Direitos Autorais Kate Spreckley 2010 - http://www.spiritpathways.co.za

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Consulta Pública da União Européia de Março de 2009 Define Novas Regras para a Utilização de Benzofenona-3 em Produtos Cosméticos

Os protetores solares proporcionam importante proteção da pele contra queimaduras e câncer das células. O amplo uso de benzofenona (BP-3 ou oxibenzona) e sua identificação no meio ambiente sugeriram uma necessidade de mais informações sobre a extensão da exposição humana (2).
A benzofenona-3 é comumente utilizada como fotoprotetor UV nas formulações de filtros solares (3) e em produtos de personal care com o objetivo de absorver e dissipar a radiação ultravioleta (2). Segundo um estudo realizado na Holanda, a BP-3 foi encontrada em 30% dos filtros solares no mercado (3). Também é usada como um estabilizador UV do revestimento das embalagens plásticas promovendo a proteção contra a fotodegradação de polímeros, sendo aprovada pela FDA como um aditivo alimentar indireto (2).

Benzofenona-3 em Produtos Cosméticos: Consulta Pública da União Europeia (1)

O uso de benzofenona-3 em produtos cosméticos na União Europeia é regulamentado em Cosmetics Directive, no Anexo VII, parte 1, em uma lista que define o que os filtros solares podem conter (“List of permitted UV filters which cosmetic products may contain”). Segundo esse documento: “Em produtos para uso cosmético, a concentração máxima da benzofenona-3 é de 10%”. Além disso, devido ao potencial fotoalergênico dessa substância, é obrigatório colocar no rótulo o seguinte aviso: “Contém oxibenzona”.

A mais nova consulta pública, publicada em Bruxelas, em março de 2008, traz novas regras e concentrações de uso de benzofenona:

A SCCP (European Commission´s Scientific Committee on Consumer Products) concluiu no documento SCCP/1201/08, dia 16 de dezembro de 2008, que: “o uso de benzofenona-3 como um fotoprotetor UV na concentração de até 6% nos filtros solares cosméticos e de até 0,5% em outros produtos cosméticos, com objetivo de proteger a formulação, não apresenta o risco para a saúde dos consumidores devido ao seu potencial alergênico e fotoalergênico.”

Essa consulta visa:

Reduzir a concentração máxima da benzofenona-3 em formulações de filtros solares de 10% para 6%;
Determinar o uso de benzofenona como um protetor dos produtos contra a radiação UV na concentração máxima de 0,5% em outros produtos cosméticos.
Benzofenona-3 como Agente Sensibilizante e Irritante: Comprovação Científica

Embora a incidência total de sensibilização e irritação associada à benzofenona-3 na população geral permanece um assunto não elucidado, alguns estudos têm reportado a incidência em certas circunstâncias (4).

Pesquisadores norte-americanos conduziram uma meta-análise com objetivo de determinar a segurança de benzofenona-3 em voluntários recrutados da população geral. Foram analisados os resultados de 64 estudos não publicados, realizados no período de 1992 e 2006, que avaliaram o potencial irritante e sensibilizante desse filtro solar utilizando os produtos contendo de 1-6% de benzofenona-3. Os resultados confirmaram que somente 0,26% das respostas cutâneas sugeriram a irritação ou a sensibilização. A alergia de contato foi observada em 0,07%. Esses dados indicam que os filtros solares contendo de 1-6% de benzofenona-3 não possuem potencial irritante ou sensibilizante significativo (4).
Photodermatol Photoimmunol Photomed. 2008 Aug;24(4):211-7.

Um outro estudo, realizado na região mediterrânea, avaliou a prevalência das reações fotoalérgicas e respectivos agentes reportados na cidade de Atenas no período de 1992 e 2006. De acordo com resultados desse estudo, entre os agentes que causaram dermatite fotoalérgica de contato, o mais frequente foi a prometazina (25%), enquanto a benzofenona-3 e clorpromazina foram detectadas em 12,5% dos casos (5).
Int J Immunopathol Pharmacol. 2008 Jul-Sep;21(3):725-7.

Segundo vários relatos, a benzofenona-3 foi a mais frequente causa de fotoalergia. Outros tipos das reações de hipersensibilidade à benzofenona-3 foram: alergia de contato, urticária de fotocontato e urticária de contato. A severidade das reações clínicas pode depender, parcialmente, da extensão da pele exposta à benzofenona-3. Um estudo realizado pelos pesquisadores holandeses do Departamento de Dermatologia do Centro Médico Universitário de Groningen, Universidade de Groningen, reportou um caso de reação anafilática causada pela exposição a um filtro solar contendo benzofenona-3, sendo a alergia à BF-3 posteriormente confirmada através do teste Patch (3).
Contact Dermatitis. 2008 Oct;59(4):248-9.

Exposição Humana à Benzofenona-3

Sendo a benzofenona-3 um filtro solar amplamente utilizado, houve uma necessidade de avaliar a extensão da exposição humana na população norte-americana. Foram obtidos os seguintes resultados:
Estudos realizados em animais confirmaram que nessa população a benzofenona-3 apresenta efeitos no fígado, nos rins e nos órgãos reprodutivos, tendo também os efeitos no sistema endócrino;
Nos voluntários da população geral, a benzofenona-3 foi detectada em 96,8% de amostras da urina;
A concentração da BF-3 foi maior em mulheres do que em homens;
A concentração na população caucasiana foi em 6,8 e na população mexicana foi em 4 vezes maior que na população negra;
O estudo concluiu que há necessidade de avaliar a exposição da exposição à BF-3 no impacto da saúde pública (2).
Environ Health Perspect. 2008 Jul;116(7):A306.

Benzofenona-3 possui Atividade Estrogênica em Duas Espécies de Peixes

Alguns estudos indicaram a benzofenona-3 como um agente estrogênico potencial. Por isso, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Califórnia, Riverside, avaliaram a atividade estrogênica da BF-3 e efeitos na reprodução em duas espécies de peixes (truta e medaka japonesa). Os dados obtidos demonstraram que a exposição à benzofenona-3 altera o sistema endócrino e a reprodução dessas duas espécies de peixes (6).
Aquat Toxicol. 2008 Nov 21;90(3):182-7. Epub 2008 Sep 10.

Tendo conhecimento sobre as propriedades da benzofenona-3 que afetam tanto os seres humanos quanto o meio-ambiente, torna-se necessário utilizar menor concentrações desse ativo ou sua substituição por um outro fotoprotetor que terá propriedades semelhantes, porém não apresentará o mesmo perfil toxicológico.

Referências Bibliográficas

1.PUBLIC CONSULTATION UPDATED REGULATION OF UV-FILTERS CAMPHOR BENZALKONIUM METHOSULFATE AND BENZOPHENONE-3 IN ANNEX VII TO COSMETICS DIRECTIVE. Disponível em: http://ec.europa.eu/enterprise/cosmetics/doc/consultation_uv_filters_20090309.pdf. Acessado em 07/04/2009.

2.Tibbetts J. Shining a light on BP-3 exposure. Environ Health Perspect. 2008 Jul;116(7):A306.

3.Spijker GT, Schuttelaar ML, Barkema L, Velders A, Coenraads PJ. Anaphylaxis caused by topical application of a sunscreen containing benzophenone-3. Department of Dermatology, University Medical Centre Groningen, University of Groningen, 9700 RB Groningen, the Netherlands. Contact Dermatitis. 2008 Oct;59(4):248-9.

4.Agin PP, Ruble K, Hermansky SJ, McCarthy TJ. Rates of allergic sensitization and irritation to oxybenzone-containing sunscreen products: a quantitative meta-analysis of 64 exaggerated use studies. Schering-Plough HealthCare Products Inc., Memphis, TN 38151, USA. Photodermatol Photoimmunol Photomed. 2008 Aug;24(4):211-7.

5.Katsarou A, Makris M, Zarafonitis G, Lagogianni E, Gregoriou S, Kalogeromitros D. Photoallergic contact dermatitis: the 15-year experience of a tertiary reference center in a sunny Mediterranean city. Int J Immunopathol Pharmacol. 2008 Jul-Sep;21(3):725-7.

6.Coronado M, De Haro H, Deng X, Rempel MA, Lavado R, Schlenk D. Estrogenic activity and reproductive effects of the UV-filter oxybenzone (2-hydroxy-4-methoxyphenyl-methanone) in fish. nvironmental Toxicology Program, University of California, Riverside, Riverside, CA 92521, United States. Aquat Toxicol. 2008 Nov 21;90(3):182-7. Epub 2008 Sep 10.

texto do site:
http://www.cicosmetic.com/site_novo/descricao_toxocologia.php?id=0

segunda-feira, 17 de maio de 2010

AUTO SABOTAGEM

* Jennifer Hoffman *

Cada existência é uma jornada de superação das feridas da alma e das lições dos caminhos que já percorremos. Essas feridas e lições nos são reveladas em nossa história de vítima, que representa as crenças que possuímos acerca da nossa falta de controle, ineficácia e, no final das contas, da nossa desconexão com a Fonte. Nossa história de vítima esvazia nossa vida de muitas maneiras diferentes, através de pessoas, de situações e de eventos. Mas, nenhuma delas é tão poderosa quanto o modo pelo qual recriamos nossa história de vítima através da nossa auto-sabotagem, a destruição deliberada dos nossos sonhos por nossos próprios esforços.

A auto-sabotagem é uma manifestação inconsciente da nossa história de vítima, em que criamos a prova de que somos azarados, desmerecedores, indignos, e sem direitos às bênçãos, que podemos acreditar que temos acesso, mas com que não podemos conectar-nos. Com a auto-sabotagem não precisamos de mais ninguém para nos tirar o que é bom, nós mesmos o fazemos. E isso ocorre quando estamos com tanto medo de perder algo que nós o destruímos primeiro, ou por temer o sucesso e o que acontece depois que nos asseguramos de que isso nunca aconteça.

O medo é parte de todo ato de auto-sabotagem e é um medo profundamente arraigado que carregamos por vidas e vidas. Podemos temer o sucesso porque certa vez abusamos do poder. Ou tememos a perda, a traição, o abuso ou o abandono, de modo que nos garantimos de que nunca passaremos por isso de novo em nossa vida. A fonte dos nossos medos pode ser desconhecida, apenas sabemos que ficamos apavorados e incapazes de avançar. A natureza inconsciente da auto-sabotagem mantém nossos medos e nossas motivações ocultas até que estejamos prontos para liberar nossa história de vítima.

Ignoramos que estamos nos sabotando até que percebamos que podíamos ter feito escolhas diferentes ou agido de outra forma. Isso pode criar uma outra história de vítima ou elevar nossa consciência de que estamos utilizando a auto sabotagem para tornar verdadeira a nossa história de vítima. A escolha é nossa e até que estejamos dispostos a fazer as coisas de maneira diferente, nossa história de vítima se repetirá em auto-sabotagem e vamos querer saber o que aconteceu com a nossa vida e com os nossos sonhos e por que eles nunca parecem se realizar. Esta semana, olhem para algumas áreas da sua vida em que vocês estão se auto- sabotando. Vocês podem descobrir a sua história de vítima e fazer uma escolha para agir de maneira diferente? Se assim o fizerem, estarão muitos passos mais próximos de viver a vida que vocês querem e de deixar a sua história de vítima no passado.

domingo, 9 de maio de 2010






Todas nós, em algum momento da vida, conectamos com a nossa sombra; o fato de não ficarmos prisioneiras dela é uma arte que nos devolve nosso poder. Venha conectar com a sua Senhora dos Mistérios.
Este é o trabalho que estaremos oferecendo no próximo dia 10/05, das 19:30hs às 22:30hs, na R. José de Alencar, 630/505, Porto Alegre, RS

Investimento: mensal – R$ 125,00
se você escolher fazer somente este encontro, o valor será R$ 71,00
Acompanhe nossos textos, pesquisas, sugestões de livros, de filmes no blog WWW.caminhosdofeminino.blogspot.com/
Esperamos vocês carinhosamente,
Margareth Osório – 92888800 e Stella Bittencourt – 81319979
: A cura está no doente.
Entrevista: Paulo de Tarso Lima

Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein: energia e religião no caminho da cura

Não é habitual ouvir um médico respeitável, de uma instituição de saúde modelar, falar sobre o papel da energia do corpo humano e da religião no caminho para a cura. É justamente o caso do cirurgião Paulo de Tarso Lima, coordenador do Departamento de Medicina Integrativa e Complementar do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. A medicina integrativa é uma prática em ascensão. Surgida nos Estados Unidos na década de 1970, une a medicina tradicional oriental, com sua abordagem holísitica, e a ocidental, apoiada na produção científica e na tecnologia. A reunião tem revolucionado a busca pela cura de doenças como o câncer. "A ideia não é excluir nada, mas juntar tudo e mostrar que a pessoa é detentora da capacidade de cura da própria doença", afirma Lima, que estudou a medicina interativa na Universidade do Arizona (EUA) e cursa o primeiro ano da Barbara Brenner School of Healing, na Flórida, onde a cura é perseguida a partir do estudo da energia humana. O médico é também autor do livro Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio. Na entrevista a seguir, ele explica os fundamentos da medicina integrativa e aposta que a prática vai se espalhar por aqui por razões econômicas - por ora, apenas alguns hospitais e somente cinco universidades brasileiros se dedicam ao assunto.

Afinal, o que é medicina integrativa?

É um movimento que surgiu nos Estados Unidos na década de 1970 e que começou a ser organizado com mais rigor na década de 1980, quando entrou para as faculdades de medicina. Hoje, existem 44 universidades americanas ligadas à pratica, que traz uma visão mais holística da pessoa no seu todo: corpo, mente e espírito. O que buscamos é oferecer uma assistência com informação e terapias que vão além da medicina convencional para ajudá-la a se conectar com a promoção de saúde. Eu não tenho a menor dúvida de que a medicina convencional é extremamente efetiva em se tratando de doença, mas saúde não é apenas ausência de doença.

Que terapias são essas?

Sistemas tradicionais como a medicina chinesa e indiana nos oferecem uma gama de alternativas, como acupuntura, Reiki, yoga, entre outras, que trabalham a energia do nosso corpo, estimulando uma reação aos sintomas das doenças. A ideia desse movimento não é excluir nada, mas juntar tudo e mostrar que a pessoa é detentora da capacidade de cura da própria doença. Isso é uma mudança de paradigma, porque a possibilidade de voltar ao estado saudável não é algo dado à pessoa, mas é algo inato a ela.

Qual a explicação para só agora a medicina integrativa despertar interesse de médicos convencionais?

Há duas razões: a demanda dos pacientes e a produção acadêmica, que cresce a uma velocidade muito alta. Se entendemos como as coisas funcionam, sabemos que é seguro.

Qual a situação da prática no Brasil?

Estamos em uma situação de dualidade. Os alinhados à prática muitas vezes não usam a medicina convencional de maneira integrada, e os convencionais não usam a medicina integrativa. Temos no Brasil um movimento diferente dos Estados Unidos, menos acadêmico, mas que vem crescendo graças a uma portaria de 2006 que autorizou procedimentos de acupuntura, homeopatia, uso de plantas medicinais e fitoterapias no Sistema Único de Saúde (SUS).

E por que a resistência dos médicos convencionais?

Eu não entendo. Estamos falando de energia e não precisamos ir muito longe para provar que energia corporal existe. A partir do momento que temos uma mitocôndria que produz energia dentro de cada célula, e isso é ensinado no primeiro ano de medicina, não há o que discutir. Temos energia no corpo, e pronto. O curioso é que muitos exames hospitalares rotineiros são baseados em mensuração do campo energético do corpo, como a ressonância magnética, o eletroencefalograma e outros mais sofisticados. Mas se você falar para um neurologista sobre a manipulação da energia do corpo, ele pira.

Por quê?

Porque entramos em um outro ponto da discussão sobre a energia humana, que é a interface com a religião. Estamos vivendo em uma nova fronteira em que se tenta entender essa energia, como ela é produzida, como pode ser manipulada e conduzida. E isso tem um impacto importante na questão da espiritualidade. Por isso, se algum paciente meu acha conforto na religião, se ele se sente bem assim, eu o estimulo a praticá-la.

E como se medem os resultados da medicina integrativa?

Começamos a medir os resultados pelas questões econômicas. A Prefeitura de Campinas, em São Paulo, registrou uma redução substancial de uso de analgésico dentro do SUS ao oferecer terapias ligadas à medicina chinesa focadas na questão ósseo-muscular. Além disso, tem uma série de trabalhos acadêmicos ligados à genética provando que a qualidade de vida produz efeitos na expressão genética da doença. E uma nova fase de trabalho investiga se uma gestante, cujo feto apresenta uma expressão genética de determinada doença, pode ajudar seu bebê se tiver uma gestação muito cuidadosa.

Como isso seria possível?

O homem carrega no seu código genético informações de doenças que podem ser a causa de sua morte. Isso já é provado. Só que você pode ter a característica genética da doença e não desenvolvê-la, ou tê-la precocemente. Isso vai depender da qualidade da sua vida. Comer bem, respirar melhor, praticar atividades físicas, lúdicas e contemplativas são fatores muito importantes ligados à qualidade de vida e que vão provocar um impacto no nosso bem-estar e, consequentemente, na resposta do corpo às doenças já estabelecidas e àquelas que estão programadas para acontecer. O Prêmio Nobel do ano passado de Medicina (dividido entre os pesquisadores Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak) mostra que, se há uma importante mudança nutricional e de práticas contemplativas, há uma diminuição da expressão de câncer de próstata em determinados grupos de homens.

As pessoas, em geral, estão mais abertas para as práticas alternativas?

No Brasil, entre 45% e 80% dos pacientes diagnosticadas com câncer utilizam algum tipo terapia "alternativa" em conjunto com o tratamento. Nos Estados Unidos, 13% das crianças e 55% dos adultos saudáveis utilizam tais práticas.

O senhor acredita que essa corrente ganhará espaço no futuro?

Acredito. Não por razões humanitárias, mas por uma questão econômica. Afinal, a forma como a medicina é praticada atualmente implica altos custos. Não posso prever, porém, quanto tempo isso vai demorar, porque o convencimento dos profissionais a respeito do assunto exigirá um longo trabalho.