sábado, 19 de junho de 2010

O Poder da Escolha

Uma Prática Espiritual

Aqueles que se fazem de vítimas estão pouco dispostos assumir responsabilidade pelo que estão criando em suas vidas. Eles criam uma bagunça, pensando que não são responsáveis por isto, e esperam que outros resolvam a coisas para eles.
Uma vítima se sente impotente. Claro que ele não é realmente impotente. Ele poderia decidir, a qualquer hora, assumir a responsabilidade se investindo de sua própria autoridade. Mas ele finge que não pode fazer isso. E, freqüentemente, as pessoas acreditam nele. Elas acreditam na sua história e no seu choro. E depois de algum tempo, ele esquece que está fazendo o papel de vítima e começa a acreditar que realmente não tem qualquer escolha sobre a sua vida.
Este não seria um problema se outros o deixassem livre para ocupar-se de seus pensamentos ilusórios. Mas geralmente, ele atrai aliados - outras vítimas que reforçam juntas as mesmas ilusões - assim como atrai também seus “salvadores” - aqueles que precisam salvá-los do seu drama, alguém que tome decisões por ele, ou então que assuma uma falsa e imprópria responsabilidade pela vida deles.
Não apenas a promessa do salvador é sedutora para a vítima, mas também seu salvador se entrega como uma pessoa para ser o culpado, caso as coisas não funcionarem. Se o salvador não resolver o drama da vítima, isso agora se tornará a culpa do salvador. Nem é necessário dizer, isto de culpar os outros só fortifica a posição da vítima no papel dela.
Esta é a história geradora de abusos que está presente em todas as relações de co-dependência. Uma vítima atrai inevitavelmente um algoz/vitimizador ou um salvador/cuidador. Aquele que se recusa aceitar suas responsabilidades atrai outro, que não perde por esperar para assumir estas mesmas responsabilidades.
O problema é que os salvadores e os algozes têm uma atração compulsiva para controlar a vida dos outros. Qualquer responsabilidade que eles assumem implica em vínculos que aprisionam.
Vítima e algozes abrem mão do próprio poder. Às vezes é duro ver como o algoz faz isso. Mas a compulsão para cuidar ou para controlar outro ser humano nasce de uma insegurança profunda, de uma inabilidade para assumir a responsabilidade apropriada por si mesmo.
É por isso que as vítimas e seus algozes ou as vítimas e seus salvadores se atraem. Ambos estão se recusando a assumir a responsabilidade por si mesmos. Ambos são incapazes de fazer escolhas por si mesmos. Eles são co-dependentes. Cada um precisa do outro para decidir e cada um invariavelmente culpará o outro quando os problemas acontecerem, se multiplicando de forma intolerável.
Para se tornarem autênticos, cada um têm que retomar o próprio poder e voltar a decidir apenas por si mesmo.
Uma vontade livre é idêntica a uma habilidade para escolher. Ninguém pode ser autêntico se der o seu poder de escolha para outros, assim como também não podemos ser nós mesmos caso queiramos nos apossar do poder de escolha que é do outro. Cada pessoa tem que decidir ou escolher por si própria. Esta é uma verdade que desembaraça os nós da nossa encarnação. Qualquer tentativa para interferir com a escolha do outro é uma transgressão.
Pessoas que têm uma tendência para serem vítimas ou algozes ou cuidadores/salvadores, têm que aprender a apoiar em si mesmos e a fazerem as próprias escolhas. Para fazer isso, eles têm que se desembaraçar das relações de co-dependência onde são ignorados os limites dos territórios individuais e onde o poder e a responsabilidade é inapropriadamente entregue ou tomado de outros.


O que significa o auto-apôio?

O auto-apôio significa que a pessoa valoriza quem ela é e busca viver em harmonia com suas crenças centrais. Ela sabe como nutrir a si mesma, como estabelecer metas em sua vida e como orientar-se e mover-se em direção a elas. Ele encontra um trabalho apropriado, apóia a si mesmo financeiramente, cultiva suas amizades, constrói seus sistemas de apoio e aprende a viver de uma maneira prática no planeta Terra.
O auto-apôio significa que a pessoa não é mais dependente de seus pais ou de outra figura de autoridade para seu apoio. Ela não é mais controlada fisicamente por outros, nem financeiramente, nem emocionalmente, nem intelectualmente ou espiritualmente. Ela decide onde viver e como viver, decide em que acreditar, com quem quer estar e assim sucessivamente. Ela toma decisões por si mesma e assume a responsabilidade pelo que ela pensa, sente, diz e faz.
Tudo isso faz parte do processo de crescimento para tornar-se uma pessoa adulta. Um verdadeiro adulto não é dependente de outros nem é, inapropriadamente, influenciados por eles. Ele é independente e auto direcionado.
Claro que, ninguém cresce inteiramente antes de haver estado envolvido com outros intimamente. Muitos se casam e até mesmo tem filhos antes de saberem quem são. Quanto menos que eles sabem sobre eles mesmos, mais alta é a probabilidade deles traírem a si mesmos e os outros, com quem se relacionam.
Tomar o tempo necessário para saber quem você é tem seu valor. Assim é mais fácil viver em sua própria pele e ser honesto sobre quem você é na relação com os outros. Esta honestidade e clareza machuca menos os outros e a chance de abortar suas relações diminui.
Esta prática espiritual relaciona-se com o aprendizado em autorizar-se para sermos quem nós realmente somos. Diz respeito a dar-se a permissão para ser a pessoa única, autêntica que nós somos. Diz respeito a conectar com o nosso eu central, (core self) descobrindo e valorizando nossos talentos e ir fazendo aquelas escolhas que nos ajudarão a aprender e a crescer até a nossa plenitude como seres humanos.

Ser Autêntico e Auto Autorizado em Nossas Relações com os Outros

Relações maduras permitem a cada pessoa ser quem é. Isso não significa que haja nenhum momento de tensão, transgressão ou confusão sobre os limites de cada um. Todas as relações experimentam estes momentos. Mas, em geral, as pessoas em relações saudáveis, apreciam um ao outro como eles são, sem precisar consertar ou mudar um ao outro. Isso significa que eles são livres para se serem quem são e não têm que usar uma máscara ou adotar um papel incômodo para permanecerem na relação.
A pergunta "eu posso ser eu mesmo com você?" deve ser perguntada a respeito de toda relações que nós temos. Os amantes, os sócios, os amigos íntimos, deveriam estar perguntando isto um ao outro. As crianças deveriam estar perguntando isto aos pais delas.
Se a resposta para esta pergunta for "Não", nós precisamos saber por que. É porque a outra pessoa não nos permite sermos autênticos ou é porque nós não confiamos em nós mesmos suficientemente para nos revelar completamente? Ou será uma combinação da nossa falta de confiança, por um lado e a falta de aceitação por parte deles, pelo outro?
Geralmente, o grau em que nós confiamos em nós mesmos, em que falamos e agimos autenticamente, determinará o grau em que nós atraímos as pessoas que nos aceitam como nós somos. Quanto mais comprometidos com nós mesmos somos, mais tendemos a atrair outros que gostam de nós e nos respeitam como nos somos.
Paul Ferrini
(Traduzido do livro “ The Power of Love”)

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